Vochysiaceae – Vochysia acuminata

Árvores 2-15 m alt. Ramos jovens quadrangulados, adultos subcilíndricos, casca não descamante em placas.

Folhas opostas; estípulas 1-2 mm compr., caducas; pecíolo 1-2(-2,5) cm compr., tomentoso; lâmina foliar 8-15,5 x 1,2-3,3 cm, lanceolado-oblonga ou lanceolada, cartácea a coriácea; face adaxial glabra, nervura primária impressa, secundárias promínulas; face abaxial glabrescente apenas próximo à nervura primária, nervura primária proeminente, secundárias promínulas; ápice gradualmente acuminado, base aguda ou cuneada, margem plana.

Inflorescências terminais, 8-10 cm compr., ferrugíneo-tomentosas; cincinos 2-3-floros, pedúnculos ca. 1 cm compr.;
pedicelos ca. 5 mm compr.; brácteas caducas; botões florais 15-24 x 2 mm, retos ou incurvos, cilíndricos, ápice agudo a acuminado; cálcar 7-11 x 1 mm, incurvo ou subsigmóide, cilíndrico, ápice arredondado; sépala calcarada 1,5-2,4 cm compr.; lobos do cálice não calcarados 2-3 mm compr., ovais, ápice obtuso; pétala central 2-2,4 x 0,4 cm, pubescente apenas na região da nervura primária da face abaxial, pétalas laterais ca. 11 x 2 mm, glabras; estame 1,8-2 cm compr.;
antera 1,4-1,6 cm compr., vilosa na margem e barbada na base; filete ca. 4 mm compr.; estaminódios ca. 1 x 0,5 mm; ovário ca. 2 x 2 mm, deltóide, glabro; estilete ca. 2 cm compr., cilíndrico, incurvo, glabro; estigma triangular, terminal.

Cápsula 18-22 x 8-11 mm, oblonga, ápice truncado, superfície verruculosa, glabra.

Sementes não vistas.

Warming (1875) considerou as espécies Vochysia acuminata Bong., V. laurifolia Warm. e V. quadrangulata Warm. muito semelhantes entre si, mas optou por mantê-las como entidades distintas. Stafleu (1948) considerou-as como uma única espécie, V. acuminata Bong., dividindo-a em duas subespécies: V. acuminata subsp. laurifolia (Warm.) Stafleu e V. acuminata subsp. quadrangulata (Warm.) Stafleu, que seria a subespécie autonímica. Apesar de contrariar o Código de Nomenclatura, Stafleu (1948) explica que preferiu o epíteto quadrangulata por razões práticas. No presente estudo, adotamos a interpretação de Vianna (1980), que separou V. acuminata (incluindo V.
quadrangulata), de matas de galeria na Cadeia do Espinhaço, de V. laurifolia, predominantemente de matas da encosta litorânea, com base na morfologia polínica, distribuição geográfica, habitat e aspectos da lâmina foliar.

Vochysia acuminata ocorre em matas de galeria em regiões de campo rupestre, em várias áreas da porção mineira da Cadeia do Espinhaço, como Serra do Cipó, Diamantina e Grão-Mogol. Na Serra do Cipó foi coletada em flor todos os meses do ano e em fruto quase todos, exceto maio, junho e julho. Na área é uma das espécies de Vochysia mais
conspícuas quando em floração, apresentando-se como árvores de grande porte com copas bem largas. Dentre as espécies de Vochysia que ocorrem na Serra do Cipó, V. acuminata é semelhante a V. dasyantha e V. rectiflora. Diferencia-se de V. dasyantha por apresentar lâminas foliares mais estreitas, até ca. 3 cm de largura, e não ter grupos de brácteas persistentes ao longo da inflorescência; V. dasyantha apresenta lâminas foliares ca. 7 cm de largura e grupos de brácteas persistentes ao longo da inflorescência. Diferencia-se de V. rectiflora pela maior razão comprimento/largura de lâmina foliar, 5 a 6 vezes mais compridas que largas, pelas nervuras secundárias promínulas na face abaxial e por apresentar a face abaxial glabrescente apenas próximo à nervura primária; V. rectiflora apresenta folhas de 2 a 3 vezes mais compridas que largas, com nervuras secundárias proeminentes e indumento ferrugíneo-tomentoso na face abaxial.

Fonte: SHIMIZU, G. H. & YAMAMOTO, K. Flora da Serra do Cipó, Minas Gerais: Vochysiaceae. Bol. Bot. Univ. São Paulo, v. 30, n. 1, p. 63-87, 2012.

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