Arbusto 45 cm alt., ereto, inerme. Caules e ramos cilíndricos a levemente sulcados, glabros a pubescentes, com tricomas simples.
Folhas simples, alternas, discolores, membranáceas a subcoriáceas, lâmina 7,6–12,6 × 5,0–6,9 cm, oval a elíptica, ápice acuminado, base oblíqua, margem dentada, face adaxial pubescente, com tricomas simples, nervuras bem desenvolvidas, ambas as faces pubescentes quando jovens, com tricomas esparsos simples, glabras na maturidade,
face adaxial verde escura, face abaxial verde claro; pecíolo 0,8–1,8 cm de compr., glabro.
Inflorescência solitária, extra-axilar. Botões florais ovoides a oblongos. Flores hermafroditas, pediceladas. Cálice
2,7 × 1,3 cm, tubular, anguloso, verde claro, circunciso, lacínias triangulares. Corola branca, tubular, tubo 5,0–7,5 cm de compr., com seis apêndices filiformes. Anteras alvas a cremes, deiscência longitudinal. Estigma globoso, ovário 0,3–0,2 mm, subgloboso, espinescente.
Cápsula 4,1 × 3,3 cm, espinescente, epicarpo verde quando jovem e pardo na maturidade, cálice frutífero não envolvendo o fruto.
Sementes não observadas.
Fenologia: coletada com flores e frutos imaturos em fevereiro e agosto.
Datura stramonium, assim como as demais espécies do gênero, é nativa das Américas, sendo o México seu principal centro de diversidade (Luna-Cavazos; Bye, 2011). Atualmente é considerada cosmopolita após sua introdução pelos europeus em diversas partes do mundo (Luna-Cavazos; Bye, 2011; Al-Snafi, 2017). No Brasil, possui ocorrências nas regiões Nordeste (AL, BA, CE, PB, PE, PI, RN, SE), Centro-Oeste (DF, GO), Sudeste (SP) e Sul (RS, SC), em domínios fitogeográficos da Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica (Flora do Brasil, 2020). Na Bahia, a espécie é pouco amostrada, com alguns registros para as regiões leste, centro-leste e sudoeste do Estado.
A espécie é conhecida popularmente como figueira-do-inferno ou cálice-de-vênus, sendo considerada uma solanácea invasora de caráter tóxico, em razão das substâncias constituintes com efeitos alucinógenos e eufóricos (Soni et al., 2012). Entretanto, na medicina popular, pode ser utilizada no tratamento de enfermidades como úlceras, feridas e inflamações (Soni et al., 2012). No presente estudo a espécie foi encontrada em uma área de pastagem em local úmido e também próximo a curso de água.
Fonte: MOURA, J. N. & CAIRES, C. S. A família Solanaceae Juss. no município de Vitória da Conquista, Bahia, Brasil. Rev. Paubrasilia, v. 49, p. 01-33, 2021.