Possui folhas simples, lâmina simétrica, forma elíptica, ápice acuminado, base recorrente, margem inteira, textura membranácea (Fig. 80) e sem glândulas. O pecíolo é normal. O tipo de nervação é pinado, camptódromo-broquidrodomo (Fig. 81). A nervura primária é única, possui tamanho moderado, curso reto. As nervuras secundárias formam ângulos de divergência agudo moderado, variando de 50° a 65°, entretanto, em uma mesma folha, os ângulos de divergência são quase uniformes em relação à nervura mediana. A espessura relativa das nervuras secundárias é moderada e o seu curso é curvado abruptamente próximo à margem. As veias intersecundárias são simples. O ângulo de origem da nervura terciária é agudo, padrão reticulado aleatório, curso ramificado, arranjo predominantemente alternado. As nervuras de ordem superior formam um retículo em que as ordens das nervuras podem ser distintas. As nervuras de quarta ordem são finas e o curso é ortogonal. A última nervação marginal é fimbriada (Fig. 82).
As vênulas são simples ou ramificadas uma vez (Fig. 83). O desenvolvimento das aréolas é incompleto e possui forma quadrangular ou pentagonal (Fig. 83). A lâmina foliar de B. pilosa é dorsiventral sendo que o mesofilo é constituído por parênquimas tendendo a paliçádico e esponjoso (Fig. 84). O parênquima tendendo a paliçádico é formado por células curtas e com alguns espaços intercelulares. O parênquima esponjoso possui espaços intercelulares conspícuos. O clorênquima que constitui o mesofilo, próximo ao bordo foliar, é homogêneo, com células isodiamétricas e com poucos espaços intercelulares; gradualmente mostra células com paredes mais espessadas, evidenciando colênquima subepidérmico no bordo (Fig. 85). O formato do bordo é arredondado e recurva-se ligeiramente na face abaxial. A nervura mediana apresenta-se côncava na face adaxial e convexa na face abaxial e, histologicamente, está constituída por epiderme, colênquima, parênquima clorofilado e sistema vascular (Fig. 86). A epiderme é uniestratificada e o colênquima é do tipo angular (Fig. 87).
Adjacente ao colênquima ocorre parênquima e nesse tecido é frequente a presença de idioblastos com drusas (Fig. 87). O sistema vascular é constituído por feixe bicolateral em arco aberto (Fig. 86), com algumas fibras junto ao floema (Fig. 88). Destaca-se a presença frequente de câmbio vascular na nervura mediana das folhas desta espécie (Fig. 88). Nas nervuras secundárias ocorrem três ou quatro células adaxiais de características não muito definidas, que poderiam ser células de protoxilema ou floemáticas, talvez por reduzido desenvolvimento do floema adaxial, considerando-se que as nervuras de maior calibre são bicolaterais. Entretanto, dados de literatura confirmam que as nervuras secundárias podem apresentar-se colaterais, mesmo quando as de maior calibre são bicolaterais (Esau 1959). Assim, como não ficou evidente a presença de células floemáticas adaxialmente, considerou-se que o feixe vascular das nervuras secundárias desta espécie é do tipo colateral; estas nervuras são contornadas por uma bainha perivascular (Fig. 89). A epiderme das folhas de B. pilosa é uniestratificada (Fig. 84-86), com paredes anticlinais sinuosas (Fig. 90-91) e ornamentação com estrias epicuticulares (Fig. 92-93), em ambas as faces. Os estômatos são do tipo paracítico (Fig. 91), restritos a face abaxial, determinando a folha como sendo hipoestomática. Encontram-se no mesmo nível das demais células epidérmicas ou ligeiramente acima destas (Fig. 94).
O pecíolo, em secção transversal, apresenta-se sulcado adaxialmente e arredondado abaxialmente (Fig. 95). A epiderme é uniestratificada, com ornamentações epicuticulares (Fig 96). Sob a epiderme ocorre colênquima
angular (Fig. 96) e mais internamente encontra-se parênquima (Fig. 95), o qual é clorofilado. A vascularização está constituída por um feixe vascular principal e dois pequenos feixes vasculares laterais, adaxialmente (Fig. 95). O feixe vascular principal é central e em forma de arco aberto, sendo do tipo bicolateral (Fig. 95 e 97); geralmente é bastante evidente a presença de câmbio vascular (Fig. 97). Os feixes vasculares de menor calibre são anficrivais e contornados por bainha perivascular (Fig. 98).
Fonte: TAVARES, R. de P. Morfoanatomia foliar de espécies de Brunfelsia L. do Sul do Brasil. 76f., fig. Dissertação (Mestrado), Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências Biológicas, Departamento de Botânica, Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal. Florianópolis-SC, 2010.