Possui folhas simples, lâmina simétrica, forma obovada, ápice acuminado, base recorrente, margem inteira (Fig. 99), textura membranácea e sem glândulas. O pecíolo é normal, ou seja, sem notáveis espessamentos ou outros processos
(pulvinos, alas). O tipo de nervação é pinado, camptódromo-broquidrodomo (Fig. 100). A nervura primária é única, possui tamanho moderado (taxa entre a largura da nervura e da lâmina foliar variando de 1,25 a 2%), curso reto. As nervuras secundárias formam ângulos de divergência agudo moderado variando de 50° a 60°, entretanto, em uma mesma folha, os ângulos de divergência são quase uniformes em relação à nervura mediana. A espessura relativa das nervuras secundárias é moderada e o seu curso é curvado abruptamente próximo à margem. As veias intersecundárias são compostas. O ângulo de origem da nervura terciária é agudo, padrão reticulado aleatório, curso ramificado, arranjo predominantemente alternado. As nervuras de ordem superior formam um retículo em que as ordens das nervuras podem ser distintas. As nervuras de quarta ordem são finas e o curso é ortogonal. A última nervação marginal é fimbriada (Fig 101). As vênulas são ramificadas uma vez. O desenvolvimento das aréolas é completo e possui forma pentagonal ou poligonal. (Fig. 102).
A lâmina foliar de B. cuneifolia é dorsiventral sendo que o mesofilo é constituído por parênquimas tendendo a paliçádico e esponjoso (Fig. 103). O parênquima tendendo a paliçádico é formado por células mais curtas e com
alguns espaços intercelulares e o parênquima esponjoso possui espaços intercelulares conspícuos. O clorênquima que constitui o mesofilo, próximo ao bordo foliar, é homogêneo, com células isodiamétricas e com poucos espaços intercelulares; gradualmente mostra células com paredes mais espessadas, evidenciando colênquima subepidérmico no bordo (Fig. 104). O formato do bordo não é arredondado como nas demais espécies, mostrando-se mais abrupto (Fig. 104). A nervura mediana apresenta-se convexa nas duas faces e histologicamente está constituída por epiderme, colênquima, parênquima clorofilado e sistema vascular (Fig. 105). A epiderme é uniestratificada e o colênquima é do tipo angular (Fig. 106). Mais internamente ocorre parênquima, entre as células deste tecido é frequente a presença de idioblastos com drusas (Fig. 105-106). O sistema vascular é constituído por feixe bicolateral em arco aberto (Fig. 105). Entre o floema abaxial e o xilema evidencia-se câmbio vascular (Fig. 107). Fibras ocorrem adjacente às células condutoras do floema (Fig. 107). As nervuras secundárias (Fig. 108) são do tipo bicolateral, com reduzido número
de células de floema adaxialmente, e são contornadas uma bainha perivascular não tão conspícua como em outras espécies de Brunfelsia descritas anteriormente. A epiderme de B. cuneifolia é uniestratificada (Fig.103-106) e há a
presença de tricomas aglandulares em ambas as faces, sendo maior a densidade na face abaxial da nervura mediana (Fig. 109). Ornamentações epicuticulares são mais evidentes na face adaxial do que na face abaxial (Fig. 110-111). As células epidérmicas têm paredes anticlinais sinuosas (Fig. 112 e 113). Os estômatos são do tipo paracítico (Fig. 113) e estão restritos à face abaxial, determinando a classificação da folha da espécie como hipoestomática. As células-guarda estão um pouco acima do nível das demais células epidérmicas (Fig. 114), característica usualmente observada em plantas localizadas em ambientes mais sombreados.
,O pecíolo, em secção transversal, apresenta-se sulcado na face adaxial e arredondado abaxialmente (Fig. 115). A epiderme é uniestratificada, com ornamentações epicuticulares e presença de tricomas aglandulares (Fig. 115-116). Sob a epiderme há colênquima angular e, mais internamente, o parênquima (Fig. 116), as células mais periféricas deste são clorofiladas. O sistema vascular, como nas outras espécies de Brunfelsia descritas anteriormente, está constituído por um feixe vascular principal e dois pequenos feixes vasculares laterais, adaxialmente (Fig. 115). O feixe vascular principal é central e em forma de arco aberto, sendo do tipo bicolateral (Fig. 115 e 117); a presença de câmbio vascular é pouco evidente (Fig. 117). Os feixes vasculares de menor calibre são anficrivais e contornados por bainha perivascular (Fig. 118).
Fonte: TAVARES, R. de P. Morfoanatomia foliar de espécies de Brunfelsia L. do Sul do Brasil. 76f., fig. Dissertação (Mestrado), Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências Biológicas, Departamento de Botânica, Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal. Florianópolis-SC, 2010.