Solanaceae – Brunfelsia australis

Possui folhas simples, lâmina simétrica, forma elíptica ou obovada, ápice acuminado, base recorrente, margem inteira (Fig. 61), textura membranácea e sem glândulas. O pecíolo é normal, ou seja, sem notáveis espessamentos ou
outros processos (pulvinos, alas).

O tipo de nervação é pinado, camptódromobroquidrodomo (Fig. 62). A nervura primária é única, possui tamanho moderado (taxa entre a largura da nervura e da lâmina foliar variando de 1,25 a 2%), curso reto. As nervuras secundárias formam ângulos de divergência agudo moderado, variando de 45° a 55°, entretanto, em uma mesma folha, os ângulos de divergência são quase uniformes em relação à nervura mediana. A espessura relativa das nervuras secundárias é moderada e o seu curso é curvado abruptamente próximo à margem. As veias intersecundárias são compostas (ramificado). O ângulo de origem da nervura terciária é reto ou agudo, padrão
reticulado aleatório, curso ramificado, arranjo predominantemente alternado. As nervuras de ordem superior formam um retículo, no qual as ordens das nervuras podem ser distintas. As nervuras de quarta ordem são finas e o curso é ortogonal. A última nervação marginal é formada por laços completos (Fig. 63). As vênulas são ramificadas duas vezes. O desenvolvimento das aréolas é completo e possui forma quadrangular ou pentagonal (Fig. 64).

A lâmina foliar de B. australis é dorsiventral sendo que o mesofilo é constituído por parênquimas tendendo a paliçádico e esponjoso (Fig. 65). O parênquima tendendo a paliçadico possui células pouco alongadas, característica
semelhante a já descrita em B.pauciflora em folhas de sombra e B. brasiliensis. O parênquima esponjoso possui espaços intercelulares conspícuos. O clorênquima que constitui o mesofilo altera-se ao aproximar-se do bordo foliar, onde as células parenquimáticas são mais isodiamétricas (Fig. 66), não havendo presença de tecidos de sustentação como descrito para as duas espécies anteriores. O formato do bordo é arredondado e recurva-se ligeiramente na face abaxial. A nervura mediana mostra-se côncava na face adaxial e convexa na face abaxial (Fig. 67), similar ao referido para B. brasiliensis. A epiderme é uniestratificada e o colênquima, localizado subepidermicamente, é do tipo angular (Fig. 68) e com maior número de camadas abaxialmente. Mais internamente ocorre parênquima (Fig. 68) e, nesse tecido, é frequente a presença de idioblastos com drusas. O sistema vascular é constituído por feixe bicolateral, em arco aberto (Fig. 67). Acompanhando o floema, externamente, há fibras (Fig. 69). As nervuras secundárias são delimitadas por uma bainha perivascular; o floema adaxial é pouco evidente, devido ao reduzido número e tamanho das células constituintes (Fig. 70). Fibras delimitam externa e abaxialmente o floema (Fig. 70). A epiderme da folha de B. australis é uniestratificada (Fig. 65-67), com presença de ornamentação com estrias epicuticulares apenas na face adaxial (Fig. 71). A face abaxial (Fig. 72), cuja superfície não mostra ornamentações epicuticulares, apresenta estômatos, determinando o tipo de folha hipoestomática para a espécie. Os estômatos são do tipo paracítico (Fig. 73) e estão geralmente no mesmo nível das demais células epidérmicas ou ligeiramente elevados (Fig. 74). As células epidérmicas têm paredes anticlinais sinuosas (Fig. 73), em ambas faces da folha.

O pecíolo, em secção transversal, apresenta-se sulcado adaxialmente e arredondado abaxialmente (Fig. 75). A epiderme é uniestratificada (Fig. 76-77), com ornamentações epicuticulares (Fig. 76), na face adaxial. Sob a epiderme
ocorre colênquima angular e mais internamente parênquima (Fig. 77). A vascularização, como nas outras espécies de Brunfelsia descritas anteriormente, está constituída por um feixe vascular principal e dois pequenos feixes vasculares
laterais, adaxialmente (Fig. 75). O feixe vascular principal é central e em forma de arco aberto, sendo do tipo bicolateral (Fig. 75 e 78); os feixes menores, contornados por bainha perivascular, também são do tipo bicolateral, embora com reduzido número de células constituindo o floema adaxialmente (Fig. 79).

Fonte: TAVARES, R. de P. Morfoanatomia foliar de espécies de Brunfelsia L. do Sul do Brasil. 76f., fig. Dissertação (Mestrado), Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências Biológicas, Departamento de Botânica, Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal. Florianópolis-SC, 2010.

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