Subarbusto 0,7–1,5(–2) m alt. Caules ascendentes, às vezes flexuosos, tetrágonos, fortemente alados nas porções basais, densamente pubérulos ou glabros. Bainha estipular 3–5 mm compr., coriácea, glabra, com 5–7 setas (3–)5–8(–10) mm compr., rígidas, canaliculadas ou estriadas, geralmente portando coléter apical.
Folhas opostas sem braquiblastos nas axilas, geralmente pseudopecioladas; lâminas 20–90 × 3–28 mm, elípticas a estreito-elípticas, cartáceas, agudas a acuminadas no ápice, (longo-) atenuadas na base, pubérulas em ambas as faces, ou glabras na face superior, com denso arranjo de tricomas ao longo das nervuras na face inferior; nervuras secundárias 4–6 pares.
Ramos florais com (2–)4–8(–14) glomérulos terminais e axilares; glomérulos 6-14 mm diâm., globosos, subtendidos
por 2 brácteas foliáceas. Flores subsésseis, pedicelos ca. 0,5–0,7 mm compr. Hipanto turbinado, pubescente ou pubérulo. Cálice com pares de lobos desiguais, os maiores 1,5–2 mm compr., lanceolados, longamente acuminados, ciliados nas margens, verdes, os menores 1–1,5 m compr., estreito-triangulares, ciliados nas margens, sub-hialinos. Corola 3,5–4 mm compr., hipocrateriforme; tubo 2,5–3 mm compr., pubérulo na metade superior externa, com anel de tricomas moniliformes no terço inferior interno; lobos 0,8–1 × 0,6–0,8 mm, ovados, esparsamente pubérulos a pubérulo-papilosos, raramente glabros. Estames subsésseis; filetes ca. 0,5 mm compr.; anteras ca. 0,5–0,6 × 0,2–0,3 mm, oblongas, subinclusas. Estilete filiforme 4–4,5 mm compr.; ramos estigmáticos ca. 0,5–1 mm compr.
Cápsulas 1,5–2 × 0,8–1 mm compr., obcônicas, pubérulas na porção apical.
Sementes ca. 0,8–1 × 0,5–0,6 mm, oblongóides ou obovóides, castanhas; face dorsal sem depressões, exotesta fovéolo-reticulada; face ventral com encaixe em forma de “X”.
Mitracarpus humboldtianus é um nome supérfluo para M. frigidus. Chamisso & Schlechtendal (1828) propuseram um novo epíteto por considerarem o anterior pouco conveniente, justificativa não aceita pelo Código Internacional de Nomenclatura Botânica (Art. 51.1 e Art. 56.1). Sendo M. humboldtianus um nome ilegítimo, M. frigidus var. humboldtianus também o é (Art. 11.4, CINB), mas o táxon ilustrado na Flora brasiliensis (Schumann 1888, tab. 85) merece reconhecimento, pois não corresponde ao tipo de M. frigidus. Esta nova espécie é aqui publicada como M. robustus.
A presença de caules geralmente alados na base, a forma das folhas e a ausência de braquiblastos relaciona esta espécie com M. brasiliensis, uma espécie da região sul do Brasil (Porto et al. 1977). A análise dos caracteres polínicos e da escultura das sementes também ajuda a suportar esta estreita afinidade, pois ambas as espécies compartilham
sementes com o mesmo tipo de escultura, além de grãos de pólen reticulados.
Entretanto, M. robustus se diferencia de M. brasiliensis por apresentar porte mais robusto com 70–200 cm altura (vs. 30–45 cm altura), glomérulo apical subtendido por 2 brácteas (vs. 4 brácteas em M. brasiliensis), lobos menores do cálice estreitamente triangulares (vs. filiformes em M. brasiliensis) e corola superando os maiores lobos do cálice (vs. corola menor do que os maiores lobos do cálice em M. brasiliensis).
Espécie com distribuição geográfica no Brasil e na Guiana Francesa. No Brasil, sua ocorrência está registrada para o Distrito Federal e para os estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro. Planta comum em solos argilosos ou arenoargilosos, em solos lateríticos, em margens de estrada ou periferia de matas. Encontrada de 40–1350 m de altitude. Quanto ao status de conservação essa espécie é considerada como não ameaçada [NE].
Fonte: SOUZA, E. B. de.; CABRAL, E. L. & ZAPPI, D. C. Revisão de Mitracarpus (Rubiaceae – Spermacoceae) para o Brasil. Rev. Rodriguésia, v. 61, n. 2, p. 319-352, 2010.