Rubiaceae – Mitracarpus rigidifolius

Subarbusto 30-100 cm alt., geralmente cespitoso, basalmente lenhoso. Caules ascendentes, subtetrágonos, marrom-escuros a castanhos, esfoliantes, marginados, glabros ou levemente pubérulos nas margens, com muitos nós vegetativos. Bainha estipular 2 mm compr., glabra, com 1-3 setas desiguais, seta central 2-2,5mm compr., setas laterais 0,5-0,8 mm compr., glabras, coléteres intercalares presentes.

Folhas pseudoverticiladas pela presença de braquiblastos, sésseis; lâminas lineares, 12-42 x 0,5-2 mm, levemente suculentas, rígidas, acuminadas no ápice atenuadas na base, glabras, margens ligeiramente curvas, glabras, nervuras secundárias imersas no mesofilo.

Inflorescências com um glomérulo terminal, globoso, 12-19 mm diâm., subtendidos por 4 brácteas foliáceas, geralmente reflexas. Flores pediceladas, pedicelos 0,4-0,5 mm compr. Hipanto turbinado, glabro. Cálice com pares de lobos fortemente desiguais, os maiores, lanceolados, 1,2-1,5 mm compr., escabros nas margens, os menores, triangulares, 0,6-1 mm compr., escabros nas margens. Corola 5-6,5 mm compr., tubo 4-5 mm compr., densamente pubérulo-papiloso externamente, com faixa densa de tricomas na região mediana interna, 1-1,6 mm compr. lobos ovados, 1-1,5 mm compr., pilosos internamente. Estames subsésseis, filetes 0,5-0,6 mm compr., anteras subelípticas,
1-1,2 mm compr., subinclusas.

Cápsulas 2-2,5 mm compr., glabras, pedúnculo 0,3-0,5 mm compr.

Sementes obovóides, 1-1,2 x 0,6-0,8 mm, face dorsal com depressão cruciforme, exotesta retículofoveolada, terminações dos prolongamentos do encaixe ventral evidentes nos ângulo da face dorsal, face ventral com encaixe em forma de “X”.

Distribuição. Endêmica da Bahia, ocorrendo nos municípios de Morro do Chapéu, Umburanas, Xique-Xique e Gentio do Ouro, entre 500-1100 m de altitude (Fig. 28). Habita áreas de solos arenosos profundos, entre afloramentos rochosos, tanto em vegetação de Campo Rupestre quanto em áreas de Cerrado.

Esta espécie é reconhecida por seu porte subarbustivo, cespitoso, folhas pseudoverticiladas, lineares, subcarnosas, glabras, rígidas, glomérulos terminais globosos, corola com uma faixa densa de tricomas na região mediana interna, e sementes com depressão cruciforme na face dorsal. As características do porte, da bainha estipular, das folhas, das inflorescências, da carola, dos frutos e sementes parecem indicar uma estreita afinidade com M. bicrucis Bacigalupo & E.L. Cabral, uma espécie reportada para a Bolívia (Bacigalupo & Cabral, 2005).

É notável a similaridade fenotípica entre estas espécies: bainha estipular com poucas setas e presença de coléteres (1-3 setas em M. rigidifolius, com seta central mais desenvolvida vs. bainha estipular com uma seta e coléteres laterais em M. bicrucis), folhas lineares glabras, glomérulos terminais (glomérulo solitário em M. rigidifolius vs. 1-2 glomérulos em M. bicrucis), corola com faixa de tricomas na metade inferior interna, cápsulas glabras, e sementes com depressão cruciforme na face dorsal. Entretanto, M. rigidifolius é distinguível de M. bicrucis por ter folhas pseudoverticiladas (vs. folhas opostas) e glomérulo terminal subtendido por 4 brácteas foliáceas (vs. glomérulo terminal subtendido por 8 brácteas foliáceas).

Fonte: SOUZA, E. B. de. Estudos sistemáticos em Mitracarpus (Rubiaceae – Spermacoceae) com ênfase em espécies brasileiras. 196f. Tese (Doutorado), Programa de Pós-Graduação em Botânica da Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana – BA, 2008.

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