Erva decumbente ou prostrada. Caules 6–21 cm compr., tetrágonos, híspido-vilosos. Bainha estipular 1–2 mm compr., híspida, com 5–7 setas, 2–3 mm compr., ciliadas.
Folhas opostas, sem braquiblastos nas axilas, sésseis; lâminas 6–22 × 4–13 mm, ovadas a suborbiculares, cuspidadas, agudo-mucronadas ou apiculadas no ápice, subcordadas ou subauriculadas na base, cartáceo-rígidas, onduladas, espessadas, alvo-ciliadas nas margens, com tricomas maiores nas porções basais, pubérulas em ambas as faces; nervuras secundárias inconspícuas.
Ramos florais com 1–(2) glomérulos terminais; glomérulos 8–16 mm diâm., globosos, densifloros, subtendidos por 2–8 brácteas foliáceas. Flores subsésseis, pedicelos ca. 0,5–1 mm compr. Hipanto obcônico, glabro. Cálice com pares de lobos subiguais, os maiores 2,5–3,5 mm compr., os menores 2–3 mm compr., lanceolado acuminados, fortemente ciliados nas margens. Corola 4–5 mm compr., hipocrateriforme; tubo 2,5–3 mm compr., densamente pubérulo na metade superior externa, com anel de tricomas moniliformes na metade inferior interna; lobos 1–1,5 mm compr., ovados, externamente papilados no ápice, pubérulos na face interna. Estames sésseis; anteras ca. 0,8–1 × 0,3–0,4 mm, elipsóides, subinclusas. Estilete 4–4,5 mm compr.; ramos estigmáticos 1 mm compr., filiformes.
Cápsulas 1,2–1,5 × 0,8–1 mm, turbinadas, glabras. Sementes 0,6–1 × 0,5–0,6 mm, oblongóides ou obovóides, castanho-claras a castanho-escuras; face dorsal com depressão cruciforme suavemente impressa, exotesta reticulada;
face ventral com encaixe em forma de “X”.
Mitracarpus albomarginatus assemelha-se a M. steyermarkii E.L. Cabral & Bacigalupo (Cabral & Bacigalupo 1997), da qual se distingue pela corola densamente pubérula externamente (vs. glabra), pelos estames (sub)inclusos no tubo da corola (vs. complemente inclusos) e sementes reticuladas (vs. papiladas). Mitracarpus albomarginatus ocorre
em áreas ao longo do Rio São Francisco, entre os municípios de Juazeiro e Casa Nova, na Bahia, e Orocó, em Pernambuco. A espécie parece ser endêmica do Sertão do Submédio São Francisco e Sudoeste de Pernambuco, uma das áreas prioritárias para conservação da flora da Caatinga (Velloso et al. 2002). A espécie é considerada ameaçada [EN B2ab (ii, iii, iv)] por apresentar distribuição restrita, às margens do Rio São Francisco, onde grandes represas e subseqüentes empreendimentos agrícolas têm sido instalados, eliminando parte de suas populações. Nenhuma das populações conhecidas encontra-se protegida em unidade de conservação.
Fonte: SOUZA, E. B. de. Estudos sistemáticos em Mitracarpus (Rubiaceae – Spermacoceae) com ênfase em espécies brasileiras. 196f. Tese (Doutorado), Programa de Pós-Graduação em Botânica da Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana – BA, 2008.