Polygalaceae – Polygala fendleri

Ervas eretas; anuais, 9-25(-33)cm alt.; caule simples partindo da raiz, distalmente simples até ramificado, raramente muito ramificado; cilíndrico levemente alado pela decorrência das folhas, sub-áfilo, glabriúscula ou laxamente pubérulo, tricomas curtoclavados, sem pontuações cróceas; raízes tênues, pouco ramificadas.

Folhas verticiladas apenas nos primeiros nós basais, por vezes até a porção mediana do caule as demais alternas ou mais raramente sub-opostas, firme membranáceas; lâminas (1-)2-8(-9)x0,3-0,6mm, lineares, nos primeiros nós basais estreitamente obovais à estreitamente oblanceoladas, gradualmente menores, estreitas e esparsas nos ramos após a porção medial para o ápice, ápice agudo, margens revolutas, não ciliadas, base aguda, glabras, glabriúsculas ou laxamente pubérulas, tricomas clavados, sem pontuações cróceas conspícuas. Racemos laxifloros; 9-40×3-4mm, até 95mm compr. incluindo a raque desnuda de frutos; pedúnculos 9-20mm; raques glabriúsculas a esparsamente pubérulas, tricomas curto-clavados, sem pontuações cróceas; brácteas 0,7-0,8×0,35-0,45mm, lanceoladas, ápice agudo, não ciliadas, sem pontuações cróceas, caducas em frutificação, 2-2,1 vezes maiores que as bractéolas; bractéolas lineares, não ciliadas; pedicelo 0,2-0,35(-0,4)mm, 8-12,5% em relação ao comprimento total das flores, glabro.

Flores lilases, mais raramente alvas ou róseas, (2,4-)2,6-3,2mm; sépalas externas não ciliadas, sem pontuações
cróceas; sépala externa inferior 1,1-1,3×0,7-0,8mm, elíptica a ligeiramente oval, ápice obtuso; sépalas externas superiores 0,7-1×0,3-0,4mm, oval-elípticas, ápice obtuso; sépalas internas (alas) 1,8-2×1-1,3mm, ovais, ápice obtuso, não ciliadas, mais longas que as cápsulas maduras, sem pontuações cróceas; carena 2,5-3,1mm compr., sem pontuações cróceas, caducas nos frutos, cristas 3-6 lobos, 0,6-0,8mm compr.; unguículo 1,5-2mm, cúculo mais estreito para base em relação ao ápice, sem formar um calcar na base, comprimento carena 4-5,7 vezes maior que a largura do cúculo; ovário amplamente elíptico, sem manchas cróceas; estames unidos até a base das anteras.

Cápsulas 1,8-1,9x1mm, obovais, sem manchas cróceas; sementes 0,7-0,8×0,4-0,5mm, ovóides, pubérulas, tricomas sub-patentes; ca. 0,08-0,11mm, ondulados, curvados ou levemente uncinados até mais raramente uncinados no ápice dos tricomas (leg. Pereira-Silva 2169 CEN e UB); apêndices ausentes.

Ocorre na Venezuela (Chodat 1893), e no Brasil, Distrito Federal (Marques 1988 como P. exigua) e nos estados de Goiás (Bennett 1874 como P. exigua), Minas Gerais, Roraima (Marques 1988 como P. exigua), Mato Grosso (Bernardi 2000, como P. misella) e São Paulo (Marques & Gomes 2002, como P. exigua). Coletada em campos limpos estacionalmente úmidos, normalmente em solos hidromórficos úmicos ou arenosos.

Marques (1988) subordinou P. fendleri Chodat a uma variedade de P. exigua, diferenciando-as pela cor das flores.
Bernardi (2000), não aceita o nome P. exigua A.W. Benn. (1874) por este se tratar de um homônimo posterior de P. exigua Hassk. (1863) e dá-lhe um novo nome P. misella. Ainda neste trabalho Bernardi sinonimiza P. fendleri sob P. glochidiata Humb., Bonpl. & Kunth.

Após do exame do material-tipo de P. fendleri, concluímos que, esta espécie, não é sinônimo de P. glochidiata, e a diferimos de P. misella Bernardi (P. exigua A.W. Benn.) apenas pela cor das flores, concordando desta forma com Marques (1988). Após análise de extenso material e observação de várias populações na natureza pudemos verificar que a cor das flores nesta espécie, assim como no gênero, é muito variável, sendo facilmente observados espécimes de flores lilases, róseas ou brancas por vezes, mesclados em uma mesma população e assim concluímos que tal característica é supérflua.

As sinonimizações conseqüentes serão formalmente efetuadas posteriormente. Em Cristalina foram coletados espécimes [Pastore et al. 1020 (CEN)] com pedicelo de até 20% em relação ao comprimento total da flor e tricomas todos uncinados, no entanto as demais características morfológicas não diferiram significativamente dos espécimes coletados no Distrito Federal.

Das espécies ocorrentes no Distrito Federal, P. fendleri apresenta afinidades morfológicas com P. glochidiata Humb., Bonpl. & Kunth da qual distinguimos pelas seguintes características presentes em P. glochidiata: flores 1,9-2,4mm, pedicelo 25-33% em relação ao comprimento total das flores, corola 1,5-2,4mm, unguículo ca. 0,6mm, compr.; cúculo mais largo para a base em relação ao ápice, formando um calcar na base, comprimento da carena 2-2,5 vezes maior que a largura do cúculo, tricomas fortemente uncinados no ápice e folhas todas ou quase todas verticiladas com exceção das folhas que antecedem os racemos.

Fonte: PASTORE, J. F. B. Polygalaceae Hoffmannsegg & Link no Distrito Federal, Brasil. 216f. il. Dissertação (Mestrado) – Universidade de Brasília, Departamento de Botânica, 2006.

Deixe um comentário