Trepadeira, esparsamente lanosa (principalmente no caule, pecíolo e pedúnculo); caule angulado a achatado, estriado; gavinhas presentes. Estípulas ca. 3 x 1 mm, persistentes, inteiras, linear-setáceas, margem lisa.
Pecíolo 3,5-4 cm compr.; glândulas ausentes; lâmina 5-6 x 7-8 cm, membranácea, obdeltóide, 3-nervada, ápice truncado, mucronado, base cuneada, margem lisa; lâmina com 6-8 manchas ocelares, 3-lobada, lobo central ca. 2,5 cm de larg., às vezes reduzido, lobos laterais 5-7 x 2,5-3 cm. Pedúnculo 3,5-4,5 cm compr., lanado; brácteas 1,5-2 x 0,5 mm, persistentes, inteiras, alternas, localizadas no meio do pedúnculo, lineares, ápice agudo, margem lisa.
Flores 2-3,5 cm diâm., pareadas, raramente três; hipanto ca. 4 mm compr., curto-campanulado; sépalas ca. 1,5 x 0,5 cm, carnosas, oblongas, ápice agudo, margem lisa; pétalas ca. 1 x 0,3 cm, membranáceas, oblongas, ápice arredondado, margem lisa; filamentos da corona em uma única série, 6 mm compr., filiformes; opérculo membranoso, plicado, com ápice denticulado; límen presente; anel nectarífero presente; androginóforo ca. 1 cm compr.; filetes glabros; anteras amarelas; ovário globoso, velutino; estiletes glabros; estigmas reniformes.
Baga ca. 5 x 6 mm, globosa.
Sementes não vistas.
Espécie provavelmente endêmica da Bahia encontrada em área de floresta higrófila. Killip (1938), cita sua ocorrência em área de mata atlântica (Ilhéus). Floração provável em janeiro, fevereiro e março.
Passiflora saxicola até então era conhecida, apenas do material tipo, coletado em Ilhéus, por Riedel. Infelizmente, não foi encontrada a citação de qual o herbário estaria depositado o material tipo. Acredita-se que deve estar depositado no herbário de São Petesburgo, na Rússia, onde se encontra a coleção principal da expedição de Langsdorff, integrada por Riedel.
Passiflora saxicola pode ser confundida com P. misera e P. organensis. Pode ser diferenciada de P. misera pela forma da folha (bilobada em P. misera e obdeltóide, 3-lobada com lobos do mesmo tamanho em P. saxicola) e pelo número de séries de filamentos da corona (uma em P. saxicola e duas em P. misera) e margem do opérculo (fimbriado em P.
misera e denticulado em P. saxicola). De P. organensis diferencia-se pelo tamanho do pecíolo (3,5-4 cm compr. em P. saxicola e 1,5-2 cm compr. em P. organensis), e do pedúnculo (3,5-4,5 cm compr. em P. saxicola e 1-1,5 cm compr. em P. organensis).
Dentre os materiais estudados, só existem dois registros para esta espécie, o material tipo, em Ilhéus, e um citado para o município de Mundo Novo (Mapa 4). Vale a pena ressaltar que esta coleta, feita por A.L.Costa em 1968, cita como procedência “Mundo Novo”, numa localidade chamada Fazenda Aliança. No desenvolvimento deste estudo, estivemos em uma localidade no município de Mundo Novo, mas, infelizmente não encontramos nenhum outro
exemplar desta espécie. O tipo foi descrito a partir de material coletado no município de Ilhéus, no sul da Bahia, o que levantou uma questão: a coleta do A.L.Costa poderia ter sido efetuada no distrito de Mundo Novo, existente em Ilhéus, onde também existe uma Fazenda Aliança. Infelizmente não dispomos de informações suficientes para esclarecer esta dúvida. Não existem informações sobre uma possível coleta de A.L.Costa na região sul da Bahia e,
provavelmente, esta coleta deve ter sido feita realmente no município de Mundo Novo, região do Piemonte da Chapada Diamantina, próximo a Morro do Chapéu e Jacobina, onde também existem matas semelhante às matas higrófilas sul-baianas.
Fonte: NUNES, T. S. A família Passifloraceae no Estado da Bahia, Brasil. 190f, il. Dissertação (Mestrado), Universidade Estadual de Feira de Santana, Departamento de Ciências Biológicas, 2002.