Passifloraceae – Passiflora edmundoi

Trepadeira herbácea, totalmente glabra; caule cilíndrico, estriado; gavinhas presentes. Estípulas 2,5-4 x 1,5-2 cm, membranáceas, persistentes, inteiras, foliáceas, reniformes, ápice acuminado, margem lisa a levemente crenulada.

Pecíolo 2,5-4 cm compr., glândulas 4, filiformes, pedunculadas, distribuídas ao longo do seu comprimento, chegando a 5 mm compr.; lâmina 5-8 x 5-8 cm, membranácea, 3-lobada, 3-5 nervada, base subpeltada, ápice mucronado, margem inteira a levemente serreada, com 2-4 glândulas nos sinus entre os lobos, lobos iguais entre si, oblongos com ápice emarginado a agudo e mucronado.

Pedúnculo 6-15 cm compr.; brácteas 0,5-1 x 0,5-1 cm, persistentes, membranáceas, vermelho-vináceas, pecioladas, obovadas ou espatuladas, alternas ao longo da metade distal do pedúnculo. Flores ca. 8 cm diâm., solitárias; hipanto 1-1,5 cm compr., verde-vináceo, cilíndrico-campanulado, base dilatada; sépalas e pétalas reflexas na ântese, sépalas 3-4 x 0,5-1 cm, carnosas, verdes na face externa, vermelho-coccíneas na interna, linear-oblongas, carenadas, aristadas e corniculadas, corno 4 mm compr.; pétalas 3-4 x 0,5-1 cm, membranáceas, vermelho-coccíneas em ambas as faces, linear-oblongas, ápice obtuso; filamentos da corona em duas séries, os da série externa ca. 3 mm compr., filamentosa ou, às vezes, membranosa, azul-violácea, os da série interna ca. 4 mm compr., membranosa formando um tubo em volta do androginóforo; opérculo ca. 5 mm compr., filamentoso, plicado, situado a ca. 1/3 da base do hipanto; límen anular, com bordo fimbriado-denticulado; anel nectarífero presente; androginóforo 3-5 cm compr., verde-claro com base branca; filetes verdes; anteras amarelas; ovário elíptico, fusiforme, verde-escuro; estiletes verde-amarronzados.

Baga 7-7,5 x 1,5-2 cm, elíptica, fusiforme, 6-costada, prolongada em rostro no ápice.

Sementes ca. 6 mm compr., alveoladas.

P. edmundoi é encontrada nos estados da Bahia, Goiás, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Piauí (Cervi, 1997). Na Bahia, ocorre encontrada principalmente em áreas de campo rupestre e caatinga e, ocasionalmente, em matas estacionais (Mapa 9), em altitudes entre 300 a 1.200 m.s.n.m. Floresce e frutifica praticamente o ano todo, tendo como ponto alto de floração e frutificação entre os meses de novembro a maio.

Passiflora edmundoi é frequentemente confundida com P. kermesina Link. (Vitta, 1995; Cervi, 1997; Sena & Queiroz, 1998; Sena & Queiroz, 2001), espécie descrita para o Rio de Janeiro, e encontrada até o Espiríto Santo. Devido a uma má interpretação de seus caracteres diagnósticos, a maior parte do material coletado na Bahia foi identificada como P. kermesina. No entanto, numa análise mais detalhada, percebemos que todo o material estudado para o Estado pertence a P. edmundoi, cuja localidade tipo é o município de Maracás. Segundo Sacco (1966a), estas espécies são diferenciadas pelos filamentos da corona; em P. edmundoi a corona ocorre em duas séries, sendo a série interna membranosa e em P. kermesina em três a quatro séries, todas filamentosas. O tamanho do pedúnculo também pode
ser usado como um forte caráter diagnóstico, até 15 cm em P. edmundoi e de 7-20 cm em P. kermesina.

Fonte: NUNES, T. S. A família Passifloraceae no Estado da Bahia, Brasil. 190f, il. Dissertação (Mestrado), Universidade Estadual de Feira de Santana, Departamento de Ciências Biológicas, 2002.

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