Arvoretas a árvores 3-15m.
Folhas com pecíolos de 0,7-2cm, glabrescentes; folíolos 8,5-33×2,5-17cm, ovados, obovados, oblongos a elípticos, ápice agudo a acuminado, base cuneada, cordada a oblíqua, margem inteira, recobertos em ambas as faces de tricomas estrelados de raios eretos, mais adensados sobre as nervuras, glabrescentes, nervação proeminente na face abaxial, nervuras secundárias 5-10 pares.
Flores 2-2,5cm; pedicelos 0,5-1,2cm, recobertos de tricomas estrelado-porrectos; cálice 0,8-1,3×0,4-0,8cm, externamente com tricomas estrelado-porrectos; pétalas 1,5-2,5cm, recobertas em ambas as faces de tricomas estrelados de raios adpressos, face ventral glabra na base; tubo estaminal 1,7-2cm, recoberto de tricomas estrelados de raios eretos, lobos do tubo 0,2-0,4cm, com tricomas glandulares; ovário 2mm, estilete 1-2,5cm, com tricomas estrelados, mais adensados na porção apical; estigma glabro.
Fruto 1,2-2,3×0,5-1,4cm, obovóide, alaranjado quando maduro, glabro; semente 1-1,3×0,8cm, castanha, glabra.
Neotropical, desde o México até o Brasil, onde ocorre na costa atlântica, desde Pernambuco até São Paulo. E7, E8, E9, F6, F7: floresta ombrófila densa de encosta. Flores de janeiro a abril e frutos de abril a julho.
Dentre as espécies estudadas, Q. turbinata é a única a apresentar as folhas unifolioladas, com pulvínulos escuros, cálice turbinado, tubo estaminal alongado e pentalobado na porção apical (Fig.11: A, B, D). Outro caráter exclusivo é o tipo de tricoma (estrelado-porrecto) que recobre o pedicelo e o cálice (Fig.2: A e B). Além disso, destaca-se por suas flores delicadas, muito pequenas (2 a 2,5 cm compr.) e pelo fruto carnoso e indeiscente com endocarpo fibroso. No campo, exala um aroma apimentado, semelhante ao de noz-moscada, sendo este mais um caráter importante para o seu reconhecimento.
Com relação à variabilidade de Q. turbinata, é possível encontrar lâminas ovadas, obovadas, oblongas até elípticas, de ápice agudo a acuminado e base cuneada, cordada até obliqua, variação essa observada nos materiais de uma mesma população, como M.C. Duarte et al. 29, 30 e 31, do Parque Estadual de Carlos Botelho.
Quararibea turbinata assemelha-se a Q. floribunda (A. St.-Hil & Naudin) K. Schum., que ocorre no Rio de Janeiro, quanto ao comprimento dos pecíolos, porém, difere pelo cálice turbinado com mais de 8mm de compr. e recoberto de tricomas cremes; ao passo que Q. floribunda possui o cálice campanulado com até 5mm de compr. e recoberto de tricomas ferrugíneos.
A espécie era conhecida para São Paulo pelas coleções da Serra da Juréia (Município de Iguape) e da Reserva Biológica do Alto da Serra de Paranapiacaba (Município de Santo André). No decorrer do presente estudo, foram localizados vários materiais de Q. turbinata nos herbários de São Paulo, constatando-se a sua ocorrência em praticamente todo o litoral paulista, desde Picinguaba até Iguape, com penetração no Sudoeste do Estado, entre os
Municípios de Sete Barras e São Miguel Arcanjo, no Parque Estadual Carlos Botelho. Nessa última localidade foram observados indivíduos no interior da mata de encosta, com cerca de 15 m de altura, troncos retilíneos, ramificados na porção apical, o que dificultou a visualização da copa. Nas demais localidades de coleta, não foram encontrados representantes da espécie, inclusive na Reserva de Paranapiacaba, onde Q. turbinata foi coletada na década de 20.
Com relação à importância econômica, os ramos jovens de Q. turbinata são usados, no México, na confecção de varetas para agitar coquetéis, de onde vem o nome popular “swizzlestick tree” (árvore das varetas de coquetéis). No Brasil, a casca do tronco é utilizada na medicina popular como desobstruente (Schultes 1957, Pio Correa 1969). Segundo Hoehne (1939) porções secas das plantas agem como repelente, superando muitos inseticidas, por seu efeito eficaz e prolongado.
Fonte: DUARTE, M. C. Diversidade de Bombacaceae Kunth no Estado de São Paulo. 99f, il. Dissertação (Mestrado), Instituto de Botânica da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, São Paulo, 2006.