Malvaceae – Eriotheca pubescens

Árvores 3-6m; tronco tortuoso; ramos espessos. Indumento constituído predominantemente de tricomas estrelados dourados de raios flexuosos, associados com escamas peltadas, castanhas.

Folhas (3)-5-folioladas; pecíolos 4-13cm; peciólulos 1-5mm; folíolos 6-20×2,5-7cm, coriáceos, obovados a oblongos, ápice emarginado, mucronado, base atenuada, face adaxial com tricomas estrelados, mais escamas esparsas ou adensadas, face abaxial densamente recoberta de tricomas estrelados dourados, mais escamas esparsas ou adensadas, ocasionalmente associados com tricomas simples escuros, nervura principal proeminente em ambas as faces, nervuras secundárias 8-15 pares, impressas na face adaxial, proeminentes na face abaxial.

Flores 4-5 cm, 1-5 em cada cima; pedicelos 0,5-1,5cm, indumento denso, dourado; receptáculo sem nectários; cálice 0,8-1,5×0,8-1,4cm, cupuliforme, externamente com indumento denso, dourado, borda truncada ou levemente 5-apiculada; pétalas 2-3,5cm, largamente obovadas, recobertas em ambas as faces densamente de tricomas estrelados de raios adpressos; estames 100-130, tubo estaminal 5-8mm, creme, partes livres dos filetes 8-10mm; ovário 3-4mm, cônico, lanuginoso, tricomas estrelados associados com escamas peltadas castanhas a ferrugíneas; estilete 1-3cm, creme, base lanuginosa, tricomas estrelados de raios longos, flexuosos, mais escamas castanhas a ferrugíneas.

Cápsula (H.S. Irwin et al. 8085, J. P. Fontella 725) 8-8,5cm, 12,5-15cm diâm., obovóide, ápice arredondado, base aguda, lepidota, escamas castanhas a ferrugíneas, glabrescente; sementes 6-8×5-6mm, lepidota, escamas punctiformes.

Exclusiva no Brasil, desde o Estado da Bahia e nas regiões CentroOeste e Sudeste (Minas Gerais, São Paulo). D4, D7: cerrado. Flores de junho a agosto e frutos em novembro.

Eriotheca pubescens caracteriza-se por seu indumento denso e dourado, constituído de tricomas estrelados de raios flexuosos que recobre as folhas, pedicelo e o cálice. Outros caracteres marcantes são o cálice cupuliforme e a ausência de nectários no receptáculo (Fig.9: R). E. pubescens está relacionada à E. pentaphylla subsp. wittrockiana, conforme foi discutido nos comentários desta última.

Robyns (1963) considerou duas subespécies sob E. pubescens, diferenciando-as com base na densidade e no tipo de indumento, número de folíolos, dimensões das pétalas e comprimento do tubo estaminal. O exame dos materiais do Estado de São Paulo, bem como de materiais citados pelo autor (Macedo 3707- RB), mostrou uma certa compatibilidade quanto aos caracteres do indumento, entretanto, o mesmo não foi observado em relação aos demais caracteres, não sendo possível enquadrar perfeitamente o material do Estado de São Paulo na delimitação de nenhum dos táxons infraespecíficos. No Estado de São Paulo, E. pubescens era conhecida por meio de dois materiais coletados na Reserva Biológica de Moji-Guaçu na década de 70. Na Lista Oficial das Espécies da Flora de São Paulo Ameaçadas de Extinção (SMA 2004), a espécie foi erroneamente inserida na categoria Presumivelmente Extinta na Natureza (EW), com base no critério “registro nos últimos 50 anos apenas em condição ex-situ”, quando deveria ter sido incluída na categoria Vulnerável (VU), por se enquadrar em outros critérios. Durante o presente estudo, foram localizados mais dois materiais da espécie, coletados no município de Bauru, em 1999 e 2002, respectivamente. Na próxima edição da Lista das Espécies Ameaçadas, E. pubescens deverá ser enquadrada na categoria Quase Ameaçada (NT), por apresentar baixa densidade populacional e ocorrência em uma única formação vegetal, o cerrado.

As viagens realizadas com o objetivo de coletar material adicional de E. pubescens foram infrutíferas, uma vez que não foi encontrado nenhum indivíduo da espécie. Na Reserva Biológica de Moji-Guaçu e regiões adjacentes, constatatou-se nas localidades percorridas grandes extensões ocupadas com cultivo de Eucalyptus e Pinus.

Fonte: DUARTE, M. C. Diversidade de Bombacaceae Kunth no Estado de São Paulo. 99f, il. Dissertação (Mestrado), Instituto de Botânica da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, São Paulo, 2006.

Deixe um comentário