Árvores, 22 m alt.; ramos angulosos, glabrescentes.
Folhas alternas; pecíolo 0,5−1 cm compr., engrossado ca. 0,2 cm espessura, subcanaliculado, glabrescente; lâmina 6−16 × 2−6 cm, coriácea, elíptica ou obovada, ápice obtuso, agudo ou acuminado, base cuneada, revoluta, face
adaxial glabra, reticulação densa, inconspícua, nervura primária subsaliente, secundárias planas, face abaxial glabra, reticulação densa, nervura primária saliente, secundárias subsalientes, 7−12 pares, ângulo de divergência 40º−65º, nervação broquidódroma, domácias ausentes.
Inflorescências axilares; tirsóide 3−8 cm compr., multiflora, alvopubérula. Flores unissexuadas; estaminadas com
pedicelo ca. 2 mm compr.; hipanto inconspícuo, internamente pubérulo; tépalas 2−3 mm compr., ovalado-elípticas, pubérulas em ambas as faces, papilas na margem; estames das séries I e II 2−2,4 mm compr., filetes mais curtos ou tão longos quanto as anteras, glabros, anteras ovalado-retangulares, ápice obtuso, glabras, locelos superiores introrsos e inferiores lateral-introrsos; estames da série III 2−2,8 mm compr., filetes tão longos quanto as anteras, glabrescentes, anteras retangulares, ápice truncado, locelos superiores lateral-introrsos e inferiores lateral-extrorsos; estaminódios da série IV inconspícuos ou ausentes; pistiloide estipiforme, pubérulo; pistiladas com estaminódios 0,6−1,3 mm compr., pistilo ca. 2,5 mm compr., glabro, ovário globoso, estilete curto, estigma capitado, papiloso.
Cúpulas 1 × 1,2 cm, obcônicas, margem simples ou hexalobada.
Frutos ca. 1,5 × 1,5 cm, globosos.
No Paraná Ocotea glaziovii é encontrada na FOD das Terras Baixas, Submontana e Montana e na FOM, entre 10 e 1.000 m, ocupando o dossel. A espécie é amplamente distribuída no estado, com exceção do terceiro planalto, embora não seja frequente, sendo categorizada nos critérios da IUCN (2001) como Menor Preocupação (LC).
O material examinado apresentou grande variação no tamanho e forma das folhas e cúpulas dos frutos, sendo possível englobar material-tipo de O. glaziovii e Ocotea pulchra Vattimo-Gil dentro dessa variação. Os tipos citados por Ida de VattimoGil são provenientes de vegetação sobre morros, provavelmente no limite austral de ocorrência de
O. glaziovii. Nesse habitat a tendência observada foi redução no tamanho das folhas, frutos e não persistência de tépalas na cúpula, características registradas também em habitat de planície litorânea quaternária.
Por sua vez, as coletas provenientes de vegetação sobre terreno pouco acidentado ou sobre solos mais férteis apresentaram folhas e frutos maiores com cúpula hexalobada, assim como os tipos de O. glaziovii. Será necessário um estudo mais aprofundado para definir a real amplitude desses táxons.
No presente estudo O. pulchra é tratada como sinônima de O. glaziovii. Em material vivo a coloração das flores varia de creme a verde e os frutos maduros apresentam cúpulas vermelhas. Difere de O. silvestris Vattimo-Gil pelos pecíolos mais espessos e pelos frutos globosos com cúpulas de margem simples ou hexalobada. Floresce de março a junho e frutifica de junho a dezembro.
Fonte: BROTTO, M. L.; CERVI, A. C.; SANTOS, E. P. dos. O gênero Ocotea (Lauraceae) no estado do Paraná, Brasil. Rodriguésia, Rio de Janeiro, v. 64, n. 3, p. 495–525, set. 2013.