Árvores, 12 m alt.; ramos cilíndricos, glabros.
Folhas alternas; pecíolo 0,3−1,2 cm compr., ca. 0,1 cm espessura, subcanaliculado, glabro; lâmina 5−11 × 1,5−3 cm, estreito-elíptica ou elíptica, ápice acuminado, base cuneada, face adaxial glabra, lustrosa, reticulação subdensa, conspícua, nervuras planas, face abaxial glabra, reticulação densa, nervura primária subsaliente, secundárias planas,
6−10 pares, ângulo de divergência 30º−65º, nervação broquidódroma, domácias ausentes.
Inflorescências axilares; tirsóide 3−13 cm compr., multiflora, glabra. Flores unissexuadas; estaminadas com pedicelo 1,5−3 mm compr.; hipanto inconspícuo, internamente pubérulo; tépalas 1,6−2,2 mm compr., ovalado-elípticas, glabras em ambas as faces, papilas incospícuas no ápice; estames das séries I e II 1−1,3 mm compr., filetes ½ a ⅓ do comprimento das anteras, glabrescentes, anteras ovalado-triangulares a ovalado-quadrangulares, ápice agudo, glabras, locelos introrsos; estames da série III 1,1−1,5 mm compr., filetes pouco mais curtos que as anteras, glabrescentes, anteras retangulares, ápice truncado, locelos superiores introrsos e inferiores lateralextrorsos; estaminódios da série IV inconspícuos ou ausentes; pistiloide filiforme ou ausente; pistiladas com estaminódios ca. 0,6 mm compr., pistilo ca. 1,5 mm compr., glabro, ovário globoso, estilete muito curto ou ausente, estigma capitado. Cúpulas ca. 1 × 1 cm, trompetiformes, margem hexalobada.
Frutos ca. 2 × 1,2 cm, elipsoides ou globosos.
No Paraná Ocotea bicolor é encontrada na FOD das Terras Baixas, Montana e Altomontana, FOM e FES, entre 3 e 1.600 m, ocupando o dossel. A espécie é amplamente distribuída no estado com exceção do terceiro planalto, sendo frequente na FOD e FOM e rara na FES, por isso é categorizada nos critérios da IUCN (2001) como Menor
Preocupação (LC). Em material vivo a coloração das flores varia entre branca, alva e creme, exalando odor suave, e os frutos maduros são pretos. A madeira apresenta odor desagradável, justificando o nome popular de canela-merda ou canela-fedida.
Rohwer (1986) considerou que O. bicolor é sinônima de Ocotea corymbosa (Meisn.) Mez. As principais características que as diferenciam são flores e inflorescências pilosas, pistilos com estiletes maiores, pecíolos com 0,8−2,0 cm de comprimento e cúpulas de margem simples em O. corymbosa enquanto que O. bicolor tem flores e
inflorescências glabras, pistilos com estiletes muito curtos ou ausentes, pecíolos menores e cúpulas de margem hexalobada. Em material desidratado as folhas adquirem duas tonalidades com a nervura central tornando-se avermelhada. Floresce de novembro a fevereiro, em maio, junho e setembro, com pico de floração entre novembro e fevereiro, frutifica durante o ano todo.
Fonte: BROTTO, M. L.; CERVI, A. C.; SANTOS, E. P. dos. O gênero Ocotea (Lauraceae) no estado do Paraná, Brasil. Rodriguésia, Rio de Janeiro, v. 64, n. 3, p. 495–525, set. 2013.