Arbusto. Entrenó distal 1,5-3 cm comprimento.
Folhas bilobadas, lâmina (4,5-) 8-11,5(-13)x(4,5-)6,5-9,5(-12) cm, tenuemente cartácea a subcoriácea, base cordada a
emarginada ou subtruncada, 9-11-nérvea, nervura marginal inconspícua, lobos concrescidos em 2/3-3/4 ou mais do
comprimento total, elíticos a ovado-oblongos, paralelos, ápice arredondado a obtusiúsculo; face superior vilosa, glabrescente, nervuras terciárias e quaternárias pouco impressas dando à superfície um aspecto ruguloso, face inferior pubescente até vilosula, especialmente na região das nervuras primárias, tricomas glandulares presentes abundantes, nervuras primárias proeminentes, secundárias e terciárias pouco proeminentes (proeminentes em Pernambuco, cf. cols Andrade-Lima 56-2588, 56-2599, 71-6406, 76-8310, 79-9657, Correia 436, Pereira 368); pecíolo 1-3 cm compr., delgado, tomentelo. Estípulas não vistas (diminutas ou rudimentares, segundo Bentham, 1870); nectários extraflorais rudimentares, não emergentes, até 1 mm comprimento.
Inflorescência até 25 cm compr, curto-pedunculada; pedúnculo 0,5-2 cm compr.; eixo racemiforme, delgado, tomentelo; inflorescências parciais 2-floras; folhas alternifloras/opositifolias, ocasionalmente presentes, às vezes apenas emarginadas, ca.2,5×2,1 cm, até reduzidas a brácteas foliáceas duplamente ovadas, ladeando mucron
remanescente, 2×1 mm. Botões 5×0,7-1,3 cm na antese, clavados, ápice alado-reentrante, 5-estreitamente alados, alas onduladas em maior ou menor grau, tomentelos, com tricomas glandulares. Flores com pedicelo 0,5 cm compr.,
bractéolas ovadas, hipanto cilíndrico, 1,3-1,5×0,7-0,8 cm, internamente glabro; cálice fendido na antese em 5 lobos reflexos, 3-4 cm compr.; pétalas no botão préantese linearlanceoladas, obtusiúsculas, 2,7-3×0,2-0,4 cm, externamente cobertas por tricomas glandulares; estaminódios 0, estames 10, anteras iguais, lineares, não loceladas, filetes 2,4-3,2 cm compr., filetes alternipétalos esparsamente hirsutos em direção à base; coluna estaminal rudimentar, até ca. 2 mm altura máxima no botão pré-antese, apêndice obsoleto, interna e externamente hirsuta; gineceu compr. desconhecido, estigma subtransverso-capitado, ovário tomentelo, estipe ca.1,5 cm compr., glabrescente.
Legume deiscente, valvas 8,5-23×1,1-1,3 cm, viloso-glandulosas, estipe 2,5-3,5 cm compr.; lobos funiculares uncinadolobados.
Sementes ca.7-9×4-6 mm.
Ocorre no Brasil, estados Bahia, Ceará, Maranhão e Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte (Fig. 26). As localidades registradas pertencem às Folhas IBGE (1960): Folha SA-23, SB-23, SB-24, SB-25, SC-23, SC-24 e SD-23 (Bahia). Habita em caatinga, cerrado, transição caatinga-cerrado, carrasco (vários coletores), floresta serrana, denominada “brejo de altitude”, 1.082 m alt (M. Correia 436) e outras encostas das serras de Pernambuco (Andrade-Lima 56-2588, 56-2599, 71-6406, 76-8310, 79-9657, Correia 436, Pereira 368). No chapadão oriental da Bahia, habitat em floresta decídua (Harley 21707). Na região de Ilha de Balsas, no Maranhão (Eiten 10489, Eiten 4133 e, outros) habita no cume de “plateau” baixo com vegetação lenhosa de chapada, denominada localmente de cerradão e no carrasco. No Ceará, habita nas chapadas do Araripe (Fernandes e Matos s/n, EAC 13093) e planalto da Ibiapaba.
Espécimes com botão e botão/flor de fevereiro a abril, com frutos a partir de abril a setembro/outubro. Na diagnose original (Bentham, 1870) os filetes são descritos como glabros ou com base pouquíssimo barbada. Os espécimes
examinados, procedentes de áreas na mesma folha geográfica de Oeiras (SB-23), no Piauí, apresentavam filetes desde hirsutos no botão floral até hirsutos externamente e internamente. Os espécimes coletados nas serras de
Pernambuco (cols Andrade-Lima 56-2588, 56-2599, 71-6406, 76-8310, 79-9657, Correia 436, Pereira 368), tinham folhas subcoriáceas e nervação da face inferior mais proeminentes e indumento vilósulo. Bauhinia subclavata faz parte do complexo de espécies integrado por B. cheilantha e B. acuruana (tabela 1).
Fonte: VAZ, A. M. S. da. F. & TOZZI, A. M. G. A. Bauhinia ser. Cansenia (Leguminosae: Caesalpinioideae) no Brasil. Rev. Rodriguésia, v. 54, n. 83, p. 55-143, 2003.