Ervas anuais, eventualmente sobrevivendo mais de um ano, sem rizomas; raiz axonomorfa com ramificações delgadas; eixo central ereto, 5-30cm; ramos procumbentes até 1,2m, pubescentes.
Folhas 4-folioladas, quinto folíolo ocasional, pequeno, em algumas folhas; estípulas subuladas, tricomas sedosos, sem cerdas; folíolos oblongo-lanceolados no eixo central, oblongos a ovais, ápice arredondado, nos ramos laterais, margem tênue, tricomas sedosos e cerdas esparsas, face abaxial glabra, face adaxial glabra, tricomas sedosos sobre a nervura média.
Inflorescência em espiga, em geral 4-flora. Flores com hipanto com tricomas sedosos esparsos; cálice com tricomas sedosos longos e cerdas esparsas; estandarte amarelo com linhas vermelhas tênues na face ventral.
Fruto com dois segmentos unisseminados, cilindráceos com bico pronunciado, o basal afastado da axila foliar por eixo de 5-20cm, istmo presente, pericarpo papiráceo, epicarpo liso; sementes cilindráceas, ápice agudo, algo curvado, tegumento rosado.
Planta heliófita exclusiva do Brasil, com nítida disjunção. Ocorre no Mato Grosso, a 180-350m de altitude, das cercanias de Cuiabá a Barra do Garças, de onde acompanha o rio Araguaia e seus afluentes até São Félix, também surgindo no noroeste de Goiás e sudoeste do Tocantins. Frequente no litoral de São Paulo, de Caraguatatuba a Cananeia, e alcançando Matinhos, no Paraná, sempre a menos de 20m de altitude. Também registrada na capital paulista, como planta espontânea na Cidade Universitária e Instituto Butantan, ca. 750m de altitude. A migração à costa Atlântica deve-se, obviamente, ao transporte por indígenas, em tempos imemoriais (Krapovickas & Gregory 1994). Aparentemente cultivada, no passado, para a produção de grãos alimentícios (Valls 1996), suas folhas são utilizadas, em São Paulo, para o preparo de chá para os rins, conforme informação de moradores de alguns dos locais de ocorrência, que a denominam “manduvirana”. E7, E8, F6, F7, G6: terrenos perturbados, campos, dunas costeiras e gramados ornamentais. Floresce durante quase todo o ano, com maior concentração no período chuvoso.
As populações interioranas de Arachis stenosperma mostram maior diversidade genética que as do litoral (Monçato inéd.), mas os caracteres morfológicos inicialmente considerados diagnósticos vêm-se tornando inócuos para a distinção, à medida que cresce o número de populações estudadas (Custodio inéd., Veiga et al. 2001). Todavia, nas plantas paulistas e paranaenses só foram observadas flores amarelas, enquanto, nas interioranas, há tanto amarelas, quanto alaranjadas.
Fonte: TOZZI, A. M. G. de. A. Subfamília Papilionoideae. Parte integrante da Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo, Instituto de Botânica, São Paulo, v. 8, p. 167-397, 2016.