Árvores ou arvoretas 2-16 m, inermes; tronco acinzentado, geralmente com estrias longitudinais avermelhadas, projeções epidérmicas mamelonares presentes ou não; ramos glabros, lenticelados, às vezes estriados longitudinalmente.
Folhas 11-32-jugas, pecíolos, raques e ráquilas subglabros a pubescentes; estípulas ca. 1 mm compr., 0,7 mm larg., triangulares, pubérulas, caducas; pecíolo (8,5-)12-45 mm compr., nectário 2,5-4 mm compr., 1,8-2 mm larg. elíptico ou discóide, proximal a medial; raque (4,7-)6,3-16,9 cm compr., (0-)1-3 nectários 0,8-1,5 mm diâm., discóides,
imediatamente anteriores aos pares de pinas distais; ráquila 2,3-7,2 cm compr.; 30-75 pares de foliólulos 2,2-6 mm compr., 0,6-1,4 mm larg., pares isométricos, assimétricos, oblongo-lanceolados, falcados, par distal similar aos demais, ápice agudo ou obtuso, base oblíqua, truncado-arredondada na porção basiscópica, arredondada na porção acroscópica, membranáceos, discolores, ciliados, face abaxial às vezes puberulenta e/ou com tufo de tricomas na base da nervura, uninérveos.
Glomérulos 4-8,5 mm compr., 4-8 mm larg., globosos, axilares ou em racemo duplo curto, ou em sinflorescência paniculada terminal, bracteosa, axilar ou terminal, (3-)4-5 por axila; pedúnculo 7,5-20 mm compr., glabro a pubérulo. Flores creme, sésseis; bráctea floral 1-2 mm compr., 0,4-0,8 mm larg., menor que os botões, espatulada ou rômbica, pubérula ou ciliada e tomentulosa no ápice; cálice 0,8-2,9 mm compr., campanulado, glabro a tomentoso ou ciliado no ápice dos lobos 0,1-0,5(-1) mm compr., 0,3-0,6 mm larg., oblanceolados a ovais ou espatulados,
uninérveos; corola 1,6-4,6 mm compr., campanulada a estreito-campanulada, glabra a tomentosa, lobos 0,6-1,7 mm compr., 0,7-0,9 mm larg., lanceolados a espatulados, uninérveos, nervura ramificada no ápice; filetes 4,2-10 mm compr., alvos, glabros; anteras 0,4-0,7 mm compr., glabras; glândula apical presente, 1-2 mm compr., globosa, pedicelada, caduca; ovário 0,9-1,1 mm compr., 0,3-0,7 larg., oblongóide, glabro; estipe ca. 0,1 mm, glabro; estilete 4,2-5,5(-6,3) mm compr., glabro; estigma em poro apical, glabro.
Folículo 17-27 cm compr., 1,2-2,5 cm larg., linear, reto ou falcado, regular ou irregularmente constrito entre as sementes, chegando a moniliforme, ápice arredondado, apiculado ou mucronado, base cuneada a arredondada, cartáceo, marrom, valvas venulosas e brilhantes; sementes (3-)6-9, 1,5-1,7 cm diâm., orbiculares, margem levemente alada, glabras.
Anadenathera colubrina distribui-se por toda a América do Sul e em diversas fisionomias vegetais, desde matas ripárias a ambientes xerofíticos (Altschul 1964). Pode ser facilmente reconhecida por seus frutos constritos lateralmente, deiscentes por apenas uma margem (folículo), venulosos e brilhantes externamente.
Na Cadeia do Espinhaço, a espécie é componente comum ou dominante das matas deciduais associadas aos afloramentos de calcário que flanqueiam as encostas ocidentais, inclusive na Serra do Cipó (Meguro et al. 2007). Tem sido coletada em área de transição cerrado-campo rupestre, campo rupestre, cerrado, floresta estacional semidecidual e floresta estacional decidual, com flores em janeiro, fevereiro e março e frutos em fevereiro e abril. Na
encosta oeste da serra, em área de transição cerradocampo rupestre, predominam indivíduos de porte reduzido, com cerca de 2-3 metros de altura.
Fonte: BORGES, L. M. & PIRANI, J. R. Flora da Serra do Cipó, Minas Gerais: Leguminosae – Mimosoideae. Bol. Bot. Univ. São Paulo, v. 31, n. 1, p. 41-97, 2013.