Erva 10–20 cm alt., ereta ou ascendente. Caules com ramos dispostos radialmente, formando touceiras, tetrágonos, marginados, híspidos sobre as margens, principalmente na base das folhas e região estipular, denso-vilosos nas faces. Bainha estipular 1–2 mm compr., híspida, com 5–9 setas, 2–4 mm compr., lineares, glabras.
Folhas pseudoverticiladas pela presença de braquiblastos nas axilas, sésseis; lâminas 10–23 × 3–10 mm, estreito-elípticas ou elípticas, agudo-apiculadas no ápice, atenuadas na base, cartáceas, estrigosas na face superior, híspidas na face inferior, principalmente ao longo das nervuras, escabras nas margens; nervuras secundárias geralmente em 3 pares.
Ramos florais geralmente com 1–2 glomérulos, raramente com glomérulo terminal seguido por 2 glomérulos axilares; glomérulos 10–15 mm diâm., o terminal mais desenvolvido, globoso, subtendido por 4 brácteas foliáceas, os axilares menores, subtendidos por 2 brácteas foliáceas. Flores subsésseis, pedicelos 1–1,5 mm compr. Hipanto obcônico, pubérulo na porção superior. Cálice com pares de lobos desiguais, os maiores 3–3,5 mm, linear-lanceolados, acuminados, ciliados, os menores 1,8–2 mm compr., estreitamente triangulares, hialinos, acuminados. Corola 5–6 mm compr., (sub-)infundibuliforme; tubo 4–5 mm compr., externamente papiloso nos 2/3 superiores, com anel de tricomas moniliformes no terço inferior interno; lobos 1 mm compr., ovados, agudo-apiculados,
finamente papilados, com papilas maiores sobre o ápice. Estames subsésseis, inseridos na fauce da corola, filetes ca. 0,5 mm compr., anteras 1 × ca. 0,3 mm, lineares, subinclusas. Estilete 4,5–5 mm compr., filiforme; ramos estigmáticos ca, 0,5 mm compr.
Cápsulas 1 × 0,8–1 mm, obcônicas; pedúnculo 2–3 mm compr., levemente pubérulas na porção superior.
Sementes 0,8–1 × 0,5–0,6 mm, obovóides, castanhas; face dorsal com depressão cruciforme fortemente impressa, exotesta suavemente papilada; face ventral com depressão em forma de “X”.
Mitracarpus buiquensis é distinguível pela corola (sub)infundibuliforme, densamente pubérula externamente, e sementes com exotesta suavemente papilada. Esta espécie tem afinidade com M. salzmannianus, da qual se diferencia por apresentar corola 5–6 mm compr., pubérula externamente (vs. corola 3–5,2 mm compr., pubérulo-papilosa na metade superior) e sementes com depressão cruciforme dorsal e encaixe ventral em forma de “X” (vs.
sementes sem depressão cruciforme dorsal e encaixe ventral em forma de “Y-invertido”). Mitracarpus buiquensis é conhecido somente para a Chapada de São José, em Buíque, Pernambuco. Ocorre em caatinga arbustiva densa sobre solos arenosos profundos.
A região de ocorrência desta espécie apresenta um alto número táxons endêmicos, tendo sido considerada uma das 27 áreas de extrema importância biológica para conservação dentro do Bioma Caatinga (Velloso et al. 2002). Quanto a seu status de conservação, a espécie é considerada ameaçada [EN] por apresentar populações esparsas, com poucos indivíduos, em área muito restrita.
Fonte: SOUZA, E. B. de. Estudos sistemáticos em Mitracarpus (Rubiaceae – Spermacoceae) com ênfase em espécies brasileiras. 196f. Tese (Doutorado), Programa de Pós-Graduação em Botânica da Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana – BA, 2008.