Erva ou subarbusto, 15–80 cm alt., monoica. Ramificação filantóide. Ramos 5–7 cm, cilíndricos, pinatiformes, glabros, não modificados em cladódios. Catafilos ca. 1 mm compr., lanceolados, glabro.
Estipulas 1,8–2 mm compr., triangulares a lineares, glabras. Pecíolo menor que 1 mm compr., glabro. Limbo foliar 5–6 × 5–2 mm, presente apenas nos ramos secundários, alterno, oblongo-elíptico a oval-oblongo, base assimétrica, ápice agudo a obtuso ou às vezes arredondado, membranáceo, faces abaxial e adaxial glabras, levemente discolor, margem inteira, nervação cladódroma. Brácteas 1–2 mm compr., lineares, glabra.
Címulas unissexuais, axilares, com 2 a 4 flores. Brácteas 1–3 mm compr., lineares, glabra. Flores estaminadas: pedicelo 2–2,2 mm compr., glabro; sépalas 5, até 1 mm compr., livres, unisseriadas, obovais, ápice obtuso a arredondado, faixa central esverdeada evidente, membranáceas; disco glandular com 5 segmentos, arredondado, superfície papilosa, alternos as sépalas; estames 3, até 0,5 mm compr., parcialmente livres, unidos até aproximadamente a metade do comprimento dos filetes, anteras com rimas horizontais. Flores pistiladas: pedicelo 3–4 mm compr., glabro; sépalas 5, 1,2–2 mm compr., livres, unisseriadas, elípticas a obovais, ápice obtuso a arredondado, faixa central esverdeada evidente, membranáceas, margem inteira; disco inteiro; ovário ca. 0,5 x 0,5
mm, globoso, liso, glabro; estiletes 3, menor que 1 mm compr., livres, bífidos, estigmas capitados.
Cápsula 1,5–2,5 × 1,5–2,5 mm, globosa, superfície lisa, pedicelo 1,4 mm compr., glabro.
Sementes 1,5 mm, trígonas, castanho-claras, testa com verrugas, distribuídas longitudinalmente na face dorsal.
Comentários e distribuição: Phyllanthus niruri pode ser encontrada desde o México até a Argentina (Webster 2002). No Brasil, está difundida por todas as regiões e todos os estados, ocorrendo em todos os domínios fitogeográficos, incluindo todos os tipos de vegetação. Na região de estudo (Fig. 11), é comumente encontrada em locais úmidos e sombreados, como ruderal em jardins e em áreas cultivadas, além de frestas de calçadas. Coletada com flores e
frutos o ano inteiro. Pode ser reconhecida pelas folhas com base assimétrica, pelos três estames parcialmente livres, unidos até a metade dos filetes, disco glandular estaminado com superficie papilosa e sementes verruculosas.
Assemelha-se à P. stipulatus, P. urinaria e P. augustini. A semelhança com a primeira ocorre por compartilharem flores estaminadas com cinco sépalas obovais, três estames e as sementes com testa com verruculosa, no entanto, pode diferenciar-se da mesma, pelos estames parcialmente livres (vs. estames totalmente unidos em P. stipulatus).
Enquanto, a similaridade com Phyllanthus urinaria é devido ao compartilhamento das folhas com base assimétrica.
A diferenciação entre elas é possível em virtude das cinco sépalas nas flores estaminadas e pistiladas (vs. seis sépalas em P. urinaria). Assemelha-se a P. augustini pelo formato e assimetria na base das folhas, flores estaminadas e pistiladas com cinco sépalas obovais, além dos três estames livres. Porém, pode ser diferenciada pelo fato de P. niruri
possuir disco estaminado obtriangular e flores pistiladas com pedicelos curtos (3-4 mm compr.) (vs. disco estaminado obcordado e pedicelos longos, 20-30 mm em P. augustini).
Seu status de conservação na área de estudo é pouco preocupante (LC), em virtude de possuir uma EOO de 159.136,050 km2 e em perigo (EN) por apresentar uma AOO de 152.000 km2 (IUCN 2001). Indivíduos dessa espécie foram coletados na Reserva Biológica de Pedra Talhada (AL), Parque Natural Municipal Professor João Vasconcelos Sobrinho-Serra dos Cavalos (PE) na Mata Atlântica do Nordeste.
Fonte: TORRES, A. M. Taxonomia de Phyllanthaceae na Mata Atlântica Nordestina, Brasil. 2020. 179 f. Dissertação (Mestrado em Botânica) – Universidade Federal Rural de Pernambuco, Programa de Pós-Graduação em Botânica, Recife, 2020.