Erva rupícola ou epífita, 10-65 cm alt., ereta. Cauloma 7-60 cm compr., não intumescido em pseudobulbo, compresso, não ramificado. Rizoma 0,6-1,3 cm compr., cilíndrico, inconspícuo.
Folhas 1,5-15× 1-3,4 cm, elípticolanceoladas, oblongo-elípticas, cartáceas, ápice oblíquo, verde-arroxeadas. Racemo 1-4 cm compr., laxo, ereto, glabro, 1-4 flores. Pedúnculo 0,4-1 cm compr., raque 2,7-3 cm. Brácteas cartáceas, imbricadas, triangulares, ápice agudo, glabras; as do pedúnculo 0,6-1 × 0,5-0,8 cm; as florais 0,2-7× 0,2-0,8 cm, ápice agudo, cobrindo a base do pedicelo.
Flores 7,5-11,5 cm compr., brancas. Ovário+pedicelo 2-6,8 cm compr., verde-arroxeados. Sépalas glabras, creme-esverdeadas; a dorsal 5-5,1 × 0,5-0,6 cm, estreito-elíptica, ápice agudo; as laterais 5,3-5,4 × 0,5-0,6 cm, estreito-elípticas ou subfalcadas, ápice agudo; pétalas laterais 3,5-5,4 × 0,4-0,5 cm, lanceoladas, multi-nervadas, ápice agudo, glabras, creme-esverdeadas; labelo 2,5-4,2 × 1-1,4 cm, profundamente 3-lobado, plano, pouco carnoso, glabro,
branco; lobos laterais 0,7-1,7 × 0,5-1 cm, suborbiculares, margem inteira; lobo mediano 2,5-3,6 × 0,8-0,9 cm, oblongolanceolado ou linear-lanceolado, ápice agudo; calo ca. 0,2-0,5 × 0,1-0,2 cm, carnoso, basal, formado por duas
lamelas longitudinais paralelas, brancas. Antera 3 × 2 mm, oval, 2-costada, ápice truncado e irregularmente recortado, branco-esverdeada. Coluna 1,2-2,4 cm compr., glabra, verde-alva. Polínias quatro, 1,5 × 1,5 mm, subtriangulares, monomórficas, amarelas.
Fruto 6-8 × 2-2,5 cm, elipsoide, glabro, pendente, verde-arroxeado.
Epidendrum nocturnum se distribui desde o Sul da Flórida até a América Tropical (Govaerts et al. 2020). No Brasil é referida para todas as regiões, sobretudo, nos domínios fitogeográficos Amazônia, Cerrado e Floresta Atlântica (Barros et al. 2015, BFG 2018, Flora do Brasil 2020, em construção). Neste estudo foi encontrada, como epífita ou rupícola, em matas de galeria e ciliares, e em cerrados rupestres de Alto Paraíso de Goiás, no Cruzeiro, Pouso Alto, no Morro do Japonês, nas Sete Quedas do Rio Preto e nos Saltos.
Epidendrum nocturnum, quando comparada as demais espécies registradas neste estudo, pode ser seguramente
identificada pela associação dos seguintes caracteres: cauloma compresso, não intumescido em pseudobulbo, flores brancas com pétalas e sépalas longas e estreitas, membranáceas e multinervadas, labelo 3-partido com um calo basal constituído por duas lamelas paralelas entre sí, e cápsulas pendentes e glabras. Foi encontrada com flores e frutos entre julho e fevereiro, sendo mais frequentes em meses chuvosos.
Epidendrum nocturnum assemelha-se a E. carpophorum Barb. Rodr., uma espécie amplamente distribuída pela região Neotropical (Govaerts et al. 2020). Ambas apresentam uma morfologia vegetativa semelhante. Entretanto, podem ser diferenciadas principalmente por sua morfologia floral. E. nocturnum apresenta flores brancas (vs. flores cremes, levemente castanhas em E. carpophorum), e lamelas que constituem o calo do labelo retangulares (vs. fusiformes). Em termos de classificação, Hágsater (1985) posicionou E. nocturnum no Grupo Nocturnum, o qual segundo o autor compreende aproximadamente 50 espécies neotropicais reconhecidas pelos ramos caniculados, flores brancas com formato de estrela, aromáticas durante a noite, reunidas em racemos curtos sucessivos, labelo 3-lobado com lobo mediano linear-triangular ou acicular, pétalas e sépalas longas e estreitas, e espata ausente na base do pedúnculo (Carnevali & Romero 1996, Hágsater & Soto 2003, Stancik et al. 2009, Assis et al. 2013, Kolanowska & Mystkowska 2014).
Fonte: SANTOS, I. S. dos. & SILVA, M. J. da. Epidendrum L. (Orchidaceae, Epidendroideae) no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, Estado de Goiás, Brasil. Rev. Hoehnea, n. 47, 9 fig., 2020.