Orchidaceae – Epidendrum dendrobioides

Erva terrícola, 10-75 cm alt., ereta. Cauloma 9,5-62,5 cm compr., não intumescido em pseudobulbo, cilíndrico,
ramificado ou não. Rizoma 0,8-1 cm compr., cilíndrico, inconspícuo.

Folhas 1-9,5 × 0,4-1,1 cm, lanceoladas, ápice agudo, coriáceas, verde ou verde-amareladas. Panícula ou racemo 8-12,5 cm compr., laxo, ereto, glabro, 4-42 flores. Pedúnculo 1,3-1,5 cm compr., raque 2,5-12 cm compr. Brácteas não imbricadas, cartáceas; as do escapo, não vistas, as florais 0,1-0,8 × 0,2-0,3 cm, triangulares, ápice agudo, cobrindo o pedicelo e parte do ovário.

Flores 0,8-1,3 cm compr., esverdeadas, amarelo-esverdeadas e laranjas. Ovário+pedicelo 0,3-0,4 cm compr., verdes.
Sépalas, carnosas, ápice agudo, glabras, esverdeadas a amarelo-esverdeadas e laranjas; a dorsal 0,6-0,8 × 0,2-0,3
cm, oblongo-elíptica, côncava, ápice agudo; as laterais 0,6-0,8 × 0,3-0,4 cm, elíptico-falcadas, côncavas; pétalas
laterais 0,5-0,7 × 0,1 cm, oblanceoladas, margem inteira, 1-nervadas, ápice obtuso, glabras; labelo 0,5-0,6 × 0,6-0,7
cm, inteiro, conduplicado, cordiforme, margem inteira, ápice agudo, carnoso, glabro; calo presente, menor que 1 mm, inconspícuo, delgado, formado por duas lamelas paralelas entre si, e justapostas distalmente. Coluna 0,4-0,5 cm compr., glabra, verde-alva. Antera orbicular, ca. 1 × 1 mm, ápice arredondado, alva. Polínias quatro, obovoides,
menores que 1 mm, monomórficas, amarelas.

Fruto 1,5-2,5 × 1,1-1,3 cm, elipsoide, ereto, glabro, verde-amarelado.

Epidendrum dendrobioides se distribui pela Colômbia, Equador e Venezuela (Jørgensen & Ulloa 1994, Stancik et al.
2009, Idárraga-Piedrahita et al. 2011). No Brasil, conforme Barros et al. (2015) e BFG (2018), ocorre de norte a sul:
Centro-Oeste (DF, GO, MS, MT), Norte (TO), Nordeste (BA), Sudeste (ES, MG, RJ, SP) e Sul (PR), nos domínios
fitogeográficos Cerrado e Floresta Atlântica. Neste estudo, mostrou-se frequente em campos úmidos, nas margens de
matas de galeria e ciliares, e próximo a cursos d’água e de veredas, com flores e frutos entre agosto e fevereiro.
Epidendrum dendrobioides é a única espécie da região com labelo cordiforme e conduplicado, e cápsulas eretas,
o que a torna facilmente reconhecida e inconfundível em relação às demais espécies. Adicionalmente, a mesma possui cauloma não intumescido em pseudobulbo, cilíndrico, às vezes ramificado com folhas lanceoladas, flores esverdeadas a laranjadas com pétalas e sépalas crassas, labelo inteiro, conduplicado, cordiforme e cápsulas eretas e glabras.

Esta espécie pertence ao Grupo Aquaticum, o qual, conforme Hágsater (1985), Stancik et al. (2009) e Hágsater
& Santiago (2018), inclui plantas com inflorescências em panículas, peças florais coriáceas, labelo largamente 3-lobado, cordiforme e conduplicado, com tricomas presentes ou ausentes no disco e/ou no interior do nectário. Este grupo compreende aproximadamente 20 espécies, cuja morfologia floral e aspectos vegetativos são muito similares (Hágsater & Sánchez 2010, 2015, Hágsater & Santiago 2018, 2020). Destas, E. tundaymense Hágsater, E. Santiago & Tobar, táxon endêmico do Equador (Hágsater & Santiago 2018), relaciona-se morfologicamente com E. dendrobioides. Ambas apresentam caule cilíndrico e flores amareladas com labelo cordiforme e conduplicado. Todavia, E. dendrobioides apresenta folhas lanceoladas (vs. ovallanceoladas em E. tundaymense), pétalas oblanceoladas 1-nervadas (vs. oblongo-elíptica, 3-nervadas), assim como nectário e disco do labelo glabros (vs. pubescentes).

Fonte: SANTOS, I. S. dos. & SILVA, M. J. da. Epidendrum L. (Orchidaceae, Epidendroideae) no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, Estado de Goiás, Brasil. Rev. Hoehnea, n. 47, 9 fig., 2020.

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