Liana; caule piloso principalmente em ramo jovem, raro glabro, canaliculado.
Folhas cartáceas a membranáceas, discolores, face adaxial verde-escuro, face abaxial mais clara e opaca, geralmente ausentes em ramos mais velhos; pecíolo 3,5–6 cm compr., velutino a tomentoso, basifixo, pulvinado, não torcido; lâmina 6,6–11,5 x 6–9 cm, cordiforme, base cordada, pubescentes nas duas faces, margem inteira a levemente sinuado, ápice mucronado; nervuras principais 5–7, proeminentes na face abaxial.
Inflorescência estaminada supraaxilar, 1 inflorescência por axila, espiciforme, com (9–)10–35 flores; raque 2,6–6 cm compr., glabra; brácteas subuladas, reflexas, pilosas (Barneby 1970). Flores ♂ alvas a esverdeadas; sésseis; cálice 5,5–9 x 1,8–6 mm, subcarnosas; pétalas 6, obdeltóides, ca. 1,5 x 1–2,5 mm, em forma de disco, espessadas no centro, adnatas à base das sépalas; estames 3, 1,2–1,5 mm compr., filetes livres, levemente curvos, conectivo dilatado, anteras introrsas, deiscência longitudinal (Barneby 1970). Inflorescência pistilada axilar, 1 inflorescência por axila, espiciforme; raque 5–9 cm compr., glabra, com 10–18 flores; brácteas ca. 0,8 x 0,5 mm, lanceoladas, pilosas. Flores ♀ verdes; sésseis; sépalas ca. 2,9 x 0,9–1,2 mm, elípticas, ápice cuneado, dorsalmente pilosas; pétalas 1,2–1,3 x 0,5 mm, estreito-elípticas, margem inteira, ápice atenuado, glabras; carpelos ca. 1,5 x 0,4–0,5 mm, ovóides, glabros.
Drupa imatura verde, madura vinácea, 1,5–1,8 x 1,1–1,5 cm, oblongo-elipsóide, levemente comprimida; epicarpo glabro; mesocarpo mucilaginoso; endocarpo cartilaginoso, elipsóide, comprimido dorsiventralmente; semente ca. 8 x 4,5 mm, endosperma liso.
Ocorre na América Central (Panamá) e América do Sul (Brasil, Colômbia, Equador, Paraguai e Venezuela) (Macbride 1938; Barneby 1970). No Brasil está distribuído em alguns estados da região Norte (AC e AM), Nordeste (CE) e Centro-Oeste (MT) (Barneby 1970; Braga 2010). H8, J8: encontrada em Floresta Ombrófila Densa Submontana e Montana. Coletada com flores ♀ em setembro e outubro, com frutos em fevereiro e outubro.
Disciphania ernstii distingui-se das demais espécies de Menispermaceae estudadas (exceto D. hernandia) por apresentar inflorescências espiciformes e drupas com endocarpo cartilaginoso.
Disciphania ernstii distingue-se de D. hernandia por apresentar folhas basifixas com lâmina cordiforme, pubescente, e drupas com endocarpo cartilaginoso, enquanto D. hernandia possui folhas peltadas com lâmina ovada, glabra, e drupa com endocarpo crustáceo. Barneby (1970) publicou quatro variedades para esta espécie, sendo todas representadas no Brasil (Braga 2010). O opus princeps e a foto do holótipo de D. ernstii Eichl. (B-foto) e isótipo de D. appendiculata Diels (sinônimo D. ernstii Eichl. var. ernstii, K) foram analisados, contribuindo para o reconhecimento da espécie. Como não foram consultados os tipos das demais variedades que ocorrem no Brasil, optamos por não considerar as categorias infraespecíficas da espécie neste trabalho.
Fonte: TEIXEIRA, M. D. R. Menispermaceae Juss. para a flora da Bahia, Brasil. 198f. : il. Dissertação (Mestrado em Botânica)-Universidade Estadual de Feira de Santana, Programa de Pós-Graduação em Botânica, 2011.