Melastomataceae – Miconia polyandra

Arbustos a árvores 1,5–12 m alt.; ramos com tricomas estrelados e dendríticos.

Folhas 2,5-15 x 1,5-5 cm, 3+2 nervuras basais livres; margem glabra, face abaxial com tricomas estrelados concentrados nas nervuras, superfície visível. Panículas escorpioides, 3–13,5 cm compr., terminais.

Flores 5-meras. Hipanto ca. 2,5 mm compr, externamente com tricomas semelhantes aos dos ramos. Cálice persistente; tubo ca. 0,5 mm compr., lobos ca. 0,2 mm compr., dentes externos inconspícuos. Estames 10; anteras 2,5–3 mm compr., uniporadas, brancas; conectivo prolongado abaixo das tecas, com duas aurículas ventrais.

Ovário com ápice glabro; estilete com alargamento abrupto no ápice, glabro.

Miconia polyandra ocorre na Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo (Goldenberg & Caddah 2015). No Espírito Santo é encontrada em floresta ombrófila densa montana e matas ciliares. Coletada com flores em janeiro, março, junho, julho e dezembro e com frutos de janeiro a junho.

A espécie caracteriza-se pelas folhas oblongo-lanceoladas, tricomas dendríticoestrelados ferrugíneos revestindo densamente os ramos das inflorescências e o hipanto, e inflorescências escorpioides. Alguns indivíduos foram identificados como M. kriegeriana (Meirelles & Goldenberg 2012), uma espécie de Minas Gerais, que possui face adaxial da folha bulada, brácteas crassas, profilos involucrais persistentes ou tardiamente caducos, 4 a 6 lacínias no cálice, 12 a 19 estames e conectivo inapendiculado com dois lóbulos laterais (Baumgratz & Chiavegatto 2006),
características não encontradas nos espécimes coletados no Espírito Santo.

Miconia polyandra, juntamente com M. glazioviana, M. kriegeriana, M. mellina, M. pulchra, M. valtheri, M. eichleri e M. pseudoeichleri, pertence a um clado caracterizado pelas inflorescências escorpioides e estigma capitado.

As relações interespecíficas deste grupo de espécies são obscuras e necessitam estudos aprofundados. No caso de M. polyandra, foram considerados indivíduos com inflorescências escorpioides e indumento das folhas com tricomas estrelados pequenos e caducos. O indivíduo coletado com frutos em Mimoso do Sul (Couto & Pinto-Júnior 1785), no entanto, possui folhas menores, margem serreada e nervuras secundárias bem marcadas, ao passo que o espécime coletado com frutos em São Roque do Canaã (Fontana et al. 1602) possui folhas e inflorescências grandes, margem inteira e nervuras secundárias pouco marcadas. Essa grande variação morfológica sinaliza a dificuldade da delimitação das espécies desse grupo.

Fonte: BACCI, L. de. F. Miconia Ruiz & Pav. (Melastomataceae) no Estado do Espírito Santo, Brasil. 163f. Dissertação (Mestrado), Pós-graduação em Botânica do Setor de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2015.

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