Ervas ca. 30 cm alt.; ramos e pecíolos quadrangulares, alados, indumento dos ramos e pecíolos densamente setuloso e nos eixos das inflorescências setuloso-glanduloso.
Folhas com pecíolos 2–2,5 cm compr; lâmina 6,5–7 cm × 3,5–4 cm, oblongo-lanceolada, base atenuada, ápice obtuso, margem plana, serreado-ciliada, face adaxial glabra a esparsamente setosa, face abaxial glabra a pubérula, indumento avermelhado mais adensado sobre as nervuras, nervuras 5-basais.
Inflorescências cimosas bíparas, raro uníparas, terminais ca. 4 cm compr., brácteas 2–4 mm compr., oval-lanceoladas; bractéolas ovais, ápice agudo. Flores 4-meras; hipanto ca. 2,5 mm compr., urceolado, esparsamente setoso-glanduloso, lácinias do cálice ovais, ápice agudo; pétalas 2,5 × 1 mm, alvacentas a purpúreas, ovadas; estames 8, isomorfos, com filetes ca. 2 mm compr., glabros, pedoconectivos ausentes até ca. 0,1 mm compr., inapendiculados, anteras ca. 1 mm compr., eretas, oblongas; ovário glabro, estilete 3–3,5 mm compr.
Bacáceo ca. 3,5 mm compr.
Aciotis paludosa é endêmica do Brasil, mas apresenta ampla distribuição ocorrendo nos estados da Bahia, Maranhão, Pernambuco, Distrito Federal, Mato Grosso, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná
(Baumgratz & Rosa 2014). Tem preferência por locais perturbados, geralmente associados com água parada (Freire-Fierro 2002) e no Rio de Janeiro ocorre em Floresta Ombrófila Densa em elevações que podem variar desde os 40 até os 700 metros ao nível do mar.
Aciotis paludosa possui folhas com ápice obtuso, com 5 nervuras, e recobertas por indumento avermelhado, esparsa a moderadamente distribuído em ambas as faces da lâmina. A espécie mais próxima é A. acuminifolia (Mart. ex DC) Triana, que ocorre nas Antilhas e em quase toda a América do Sul, com exceção de Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai (Freire-Fierro 2002) e no Brasil nos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará e Rondônia. Aciotis acuminifolia difere de A. paludosa pelas folhas com ápice acuminado, trinervadas e geralmente glabras. (Freire-Fierro 2002).
Aciotis acuminifolia foi relacionada para o estado do Rio de Janeiro (Baumgratz & Rosa 2014) com base no espécime E. Pereira 629 (R, RB) que apresenta uma menor densidade de tricomas nas folhas e ramos, além da ocorrência quase que imperceptível de tricomas glandulares no hipanto e inflorescências. Esta coleta possui procedência da Serra dos Órgãos, município de Guapimirim, e consta na lista de material examinado na revisão do gênero como Aciotis acuminifolia (Freire-Fierro 2002). Contraditoriamente, o estado do Rio de Janeiro foi omitido da distribuição geográfica de A. acuminifolia por Freire-Fierro (2002). Após a análise das coleções e confronto com a distribuição
geográfica das duas espécies, optou-se aqui por considerar o espécime E. Pereira 629 dentro da variação morfológica observada para A. paludosa.
Os espécimes A.F.M. Glaziou 9822 (P) e 9877 (R), também referenciadas para o estado nas etiquetas representam respectivamente Aciotis ferreirana Brade e A. polystachya (Bonpl.) Triana, espécies que no território brasileiro são restritas à Amazônia (Freire-Fierro 2002). Estas são prováveis coletas de C.A.W. Schwacke distribuídas por A.F.M. Glaziou sob seu próprio nome (<plants. jstor.org> 2014). Schwacke e Glaziou têm o mesmo número para estas plantas. Como as coleções de Glaziou muitas vezes apresentam informações equivocadas em suas etiquetas (Wurdack 1970; Freire-Fierro 2002; Romero & Versiane 2014) e até hoje não existem coletas conhecidas destas espécies fora da região amazônica, optou-se por não incluir estes espécimes no trabalho.
Aciotis paludosa foi coletada no estado do Rio de Janeiro com flores entres os meses de outubro e fevereiro, e com frutos entre janeiro e fevereiro. O status de conservação é pouco preocupante (LC), por ser uma espécie de ampla
distribuição, que possui um número significativo de coletas, várias delas recentes. Além disso, A. paludosa ocorre em áreas de conservação como a Reserva Biológica de Poço das Antas (Baumgratz et al. 2006).
Fonte: GUIMARÃES, P. J. F. & SILVA, M. F. O. da. Aciotis, Acisanthera, Marcetia e Pterolepis (Melastomeae-Melastomataceae) no Estado do Rio de Janeiro. Rev. Rodriguésia, v. 65, n. 4, p. 1023-1035, 2014.