Arbustos 0.5–0.8 m alt.; xilopódio presente; ramos cilíndricos, com indumento ferrugíneo, com tricomas estrelados, longos tricomas simples mais uma linha longitudinal de tricomas estrelados.
Folhas com estípulas de 4–5 mm compr., subuladas; pecíolos 2–3 mm compr.; lâminas 1.8–5.9 × 1.1–2.2, elípticas a estreitamente ovadas, fortemente discolores, cartáceas, inteiras, 5–nervadas na base, ápice agudo ou obtuso, base
arredondada ou subcordada, margem crenada a serreada, com tricomas estrelados em ambas as faces, face adaxial castanho–esverdeada, face abaxial verde clara.
Flores casmógamas, solitárias na axila de brácteas foliáceas, distribuídas ao longo dos ramos e/ou principalmente reunidas em racemos reduzidos (capituliformes) no ápice dos ramos, subtendidas por brácteas foliáceas; pedicelos 1–2 mm compr.; brácteas 2.7–5.6 × 1.5–1.9 cm, ovadas, margem crenada a serreada, com tricomas estrelados em ambas as faces; bractéolas do epicálice 8–10, espatuladas, haste 5–7 mm compr., levemente aplanada, com tricomas estrelados e simples em ambas as faces, margem ciliada, lâminas 3–4 × 1–1.5 mm, estreitamente ovadas, com tricomas estrelados e simples em ambas as faces, margem ciliada; cálice 7–9 mm compr., 25–nervado, externamente com tricomas estrelados, margem ciliada; pétalas 2.5–2.9 × 1.8–2.3 cm, rosadas, com mácula basal avermelhada, obovadas; tubo estaminal 1.3–1.8 cm compr., com tricomas glandulares, partes livres dos estames dispostas em um ou dois grupos ao longo do tubo; estiletes ultrapassando o comprimento do tubo em 5–7 mm, eretos, com tricomas glandulares.
Mericarpos 4–4.5 mm compr., apiculados, indeiscentes, face dorsal lisa, com tricomas simples e birradiados; columela 0.8–1 mm compr., cilíndrica, levemente intumescida na porção basal; sementes 3–3.5 mm compr., reniformes, glabras, punctuadas.
Distribuição geográfica, hábitat e fenologia:—Endêmica do Brasil, conhecida pelas coleções oriundas de Minas Gerais (Fig. 11B), onde ocorre em Campo Rupestre, no Cerrado. A espécie era conhecida apenas pelo material tipo e por coleções muito antigas, mas durante o presente trabalho foram localizados mais três materiais coletados entre 1973 e 1983. Coletada com flores e frutos nos meses de abril, maio, julho e dezembro. Status de conservação:—A espécie enquadra-se na categoria “Em Perigo” (EN) por ser conhecida em apenas cinco localidades e pela fragmentação do ambiente (IUCN, 2014).
Notas taxonômicas:—Os caracteres típicos de P. nudicaulis são o indumento ferrugíneo dos ramos e as lâminas foliares elípticas a estreitamente ovadas, pentanervadas na base e fortemente discolores, sendo castanho–esverdeadas na face adaxial e verde claras na face abaxial. Peltaea nudicaulis compartilha com P. polymorpha os ramos com tricomas estrelados esparsos mais uma linha longitudinal de tricomas estrelados e as bractéolas do epicálice espatuladas. Os principais caracteres que separam as duas espécies são: os ramos apresentando tricomas estrelados, além de tricomas simples esparsos, partes livres dos estames dispostas em dois grupos ao longo do tubo estaminal e as sementes glabras e punctuadas em P. nudicaulis, enquanto P. polymorpha apresenta ramos recobertos de tricomas estrelados, simples e birradiados, partes livres dos estames distribuídas em um grupo na metade apical do tubo estaminal e sementes com tricomas simples e birradiados. Além disso, P. polymorpha ocorre no Paraguai e nas regiões Centro–Oeste, Sudeste e Sul do Brasil, enquanto P. nudicaulis ocorre apenas na região Sudeste, no estado de Minas Gerais na Cadeia do Espinhaço. Juntamente com P. rupestris e P. stellata as únicas espécies que não ocorre na região Centro–Oeste do Brasil.
Etimologia:— O epíteto “nudicaulis” refere-se aos ramos mais velhos que são glabrescentes.
Fonte: FERNANDES JÚNIOR, A. J. Revisão taxonômica de Peltaea (C.Presl) Standl. (Malvaceae, Malvoideae) no Brasil e análise filogenética de Peltaea e gêneros afins. 209f. il. Tese (Doutorado), Instituto de Botânica da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, São Paulo, 2016.