Arbustos 0.7–2 m alt.; xilopódio não visto; ramos cilíndricos, indumento amarelo–ferrugíneo, com tricomas estrelados mais uma linha longitudinal de tricomas estrelados.
Folhas com estípulas de 2–4 mm compr., subuladas; pecíolos 3–11 mm compr.; lâminas 2–6.9 × 0.8–3.4 cm, ovado–elípticas a ovadas, discolores, cartáceas, inteiras, 5–nervadas, ápice agudo, base arredondada ou subcordada, margem serreada, ambas as faces com tricomas estrelados, margem curtamente ciliada.
Flores casmógamas, solitárias na axila de folhas ou de brácteas foliáceas e inflorescências terminais na axila de brácteas foliáceas; pedicelos 1–4 mm compr.; brácteas 1.7–3 × 0.9–1.5 cm, ovado–elípticas a ovadas, ambas as faces com tricomas estrelados, face adaxial glabra, amarelada na porção basal, margem curtamente ciliada; bractéolas do epicálice 11–13, espatuladas, haste 3–5 mm compr., ambas as faces com tricomas simples e estrelados, margem ciliada, lâmina 2–4 × 1–1.5 mm, elíptica, ambas as faces com tricomas simples e estrelados, margem ciliada; cálice 5–8 mm compr., 25–nervado, externamente com tricomas estrelados e simples, margem curtamente ciliada; pétalas 1.5–2.6 × 1.9–2.2 cm, avermelhadas, obovadas; tubo estaminal 1–1.2 cm compr., com tricomas glandulares, partes livres dos estames dispostas em dois grupos ao longo do tubo; estiletes ultrapassando o comprimento do tubo em 2–3.5 mm, eretos, com tricomas glandulares.
Mericarpos 4–5 mm compr., apiculados, levemente alados, indeiscentes, face dorsal levemente nervado–reticulada, com tricomas simples retrorsos e glandulares; columela 1–1.2 mm compr., cilíndrica, levemente intumescida na porção basal; sementes 3–3.4 mm compr., trígonas, glabras.
Distribuição geográfica, hábitat e fenologia:—Bolívia e Brasil (Mato Grosso e Mato Grosso do Sul) (Fig. 11D), no domínio do Cerrado, ocorrendo em solo arenoso ou locais úmidos. Trata–se da primeira referência desta espécie para o Brasil. Coletada com flores e frutos nos meses de fevereiro, abril e agosto. Status de conservação:—A espécie enquadra-se na categoria “Em Perigo” (EN) por ser conhecida apenas em três localidades e pela fragmentação do ambiente (IUCN, 2014).
Notas taxonômicas:—Peltaea chiquitana caracteriza–se, principalmente, pelo indumento amarelo–ferrugíneo dos ramos, pétalas avermelhadas e pelos mericarpos alados. Este último caráter foi observado também em P. surumuensis, porém esta espécie possui lâminas foliares penta a heptanervadas na base, pétalas rosadas, columela cônica, face dorsal dos mericarpos com tricomas simples, birradiados e glandulares, além do indumento amarelo–cinéreo dos ramos, ao passo que P. chiquitana possui as lâminas foliares tri a pentanervadas na base, pétalas avermelhadas, columela cilíndrica, levemente intumescida na porção basal, e face dorsal dos mericarpos apenas com tricomas simples e glandulares.
Etimologia:—O epíteto “chiquitana” refere-se a Província de Chiquitos na Bolívia.
Fonte: FERNANDES JÚNIOR, A. J. Revisão taxonômica de Peltaea (C.Presl) Standl. (Malvaceae, Malvoideae) no Brasil e análise filogenética de Peltaea e gêneros afins. 209f. il. Tese (Doutorado), Instituto de Botânica da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, São Paulo, 2016.