Arvoretas a árvores 1,5-10m. Indumento lepidoto, escamas peltadas castanhas.
Folhas 5-7- folioladas; pecíolos 6-10cm, glabros, nectários 1-4cm; peciólulos 1-3cm; folíolos 5-13×2-5cm, castanhos, ovados, oblongos a obovados, ápice caudado a acuminado, base atenuada, decorrente, margem inteira, levemente revoluta, ondulada, face adaxial brilhante, escamas concentradas na nervura central, glabrescente a glabra, face abaxial glabrescente, nectários 3-5,7cm, nervuras secundárias 11-20 pares.
Flores 11,5-14cm; pedicelos 3,5-8cm, glabrescentes a glabros; receptáculo sem nectários; cálice 1-1,7×0,9-1,7cm, campanulado, borda truncada, às vezes curtamente 5-apiculada, externamente glabrescente; pétalas 10,5-12cm, faces
dorsal e ventral densamente recobertas de tricomas estrelados de raios curtos e adpressos, amarelo-esverdeados, face ventral com tricomas estrelados de raios longos e flexuosos na porção imbricada; estames 250-300; tubo estaminal
1-2cm; partes livres dos filetes 7-10cm; ovário 3-4mm, subgloboso, recoberto de tricomas escamosos ferrugíneos, estilete 8,5-10cm, glabro na base.
Cápsula 7-8,5cm, castanha, obovóide, ápice arredondado, base aguda; sementes 1×1,5cm, estrias castanhas.
Distribuição exclusiva no Brasil, nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo. F6: floresta ombrófila densa de encosta e planície. Flores de outubro a março e frutos em dezembro e janeiro.
Espécie facilmente reconhecida pelo indumento lepidoto e pelos folíolos brilhantes na face adaxial, caudados a acuminados no ápice com peciólulos longos (até 3 cm). O tubo estaminal muito curto (até 2 cm) e a cápsula obovóide de coloração castanha também são bons caracteres para reconhecer a espécie.
Robyns (1963) destacou a presença de nectários no receptáculo como sendo um caráter importante para reconhecer B. calophylla, entretanto, nos materiais de São Paulo estão sempre ausentes, e nos espécimes do Rio de Janeiro os nectários nem sempre estão presentes (Santos 1966). A espécie assemelha-se a B. amazonica A. Robyns pelo porte (até 10 m de altura) e pelas dimensões das estruturas vegetativas e florais. Porém, B. amazonica tem os folíolos emarginados no ápice e tubo estaminal viloso, ao passo que B. calophylla tem os folíolos caudados a acuminados no ápice e tubo estaminal glabro.
Bombacopsis calophylla foi citada pela primeira vez para São Paulo na Flora da Serra da Juréia (Mamede et al. 2001), de onde são conhecidas seis coleções. Nas viagens de campo, realizadas durante o presente trabalho, não foi encontrado nenhum indivíduo da espécie, inclusive em áreas do litoral Norte (Caraguatatuba e Picinguaba), perto do Rio de Janeiro onde a espécie ocorre. Dessa forma, B. calophylla poderá ser incluída na próxima edição da Lista das
espécies da flora de São Paulo ameaçadas de extinção, na categoria Vulnerável, com base nos seguintes critérios: distribuição no Estado de São Paulo exclusiva no município de Iguape; distribuição exclusiva em áreas de preservação (Estação Ecológica Juréia-Itatins); baixa densidade populacional e ocorrência em uma única formação vegetal: floresta ombrófila densa.
Fonte: DUARTE, M. C. Diversidade de Bombacaceae Kunth no Estado de São Paulo. 99f, il. Dissertação (Mestrado), Instituto de Botânica da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, São Paulo, 2006.