Subarbusto ramificado 0,2-0,7 m alt., ramos hirsutos, tricomas tectores ou glandulares.
Folhas sésseis, decussadas, imbricadas, cartáceas, ovais, concolores, venação obscuramente reticulódroma, 0,6-1 cm compr., 0,4-0,7 cm larg., ápice obtuso, margem inteira, revoluta, base cordada, face adaxial esparsamente setosa ou estrigosa, face abaxial hirsuta nas nervuras primárias e secundárias e com indumento tomentoso restrito às nervuras terciárias proeminentes, tricomas tectores ou glandulares.
Capítulo hemisférico; pedúnculo 0,5-1 cm compr.; brácteas iguais às folhas. Flor: bractéolas involucrais lanceoladas, 3,5-9,4 mm compr., 0,5-2,3 mm larg., ápice agudo, hirsutas, tricomas tectores ou glandulares; bractéolas internas lineares, 2,9-6,2 mm compr., 0,2-1 mm larg., ápice agudo; cálice 5-9,5 mm compr., campanulado, lobos triangulares, ápice do lobo acuminado, sem apêndice apical, face interna hirsuta, face externa esparsamente hirsuta no tubo, setácea nos lobos, tricomas tectores ou glandulares, velutina na base, tricomas tectores alvos; corola roxa, 5-9,5 mm compr., 0,6-1,1 mm larg. na base, 1-2 mm diâm. na fauce, lobos ovais, ápice do lobo agudo, face interna tomentosa próxima ao estilete, face externa hirsuta, tricomas tectores ou glandulares. Estilete articulado acima do ovário, estilopódio bem evidente, persistente.
Núculas obovoides ou ovoides, 1,6-1,8 mm compr., 1,1-1,2 mm larg., ápice arredondado, coloração castanho-avermelhada, glabras, verruculosas.
Endêmica de Minas Gerais, Hyptis ditassoides é encontrada na Serra do Itambé, em Serro Frio, e na Serra do Cipó (em Jaboticatubas, Santana de Pirapama e Santana do Riacho).
Muitos espécimes estavam identificados nos herbários como Hytpis deltifolia Epling & Játiva. Mas esse binômio, publicado em 1966, baseado na coleção Maguire et al. 49091, é um nomen nudum, pois não vem acompanhado de descrição nem de diagnose latina. Ademais, os espécimes identificados como H. deltifolia diferem apenas sutilmente das formas típicas de H. ditassoides, por apresentarem folhas que parecem mais largas devido à margem levemente
revoluta. No entanto, a análise de um número considerável de exsicatas mostra que os dois padrões de folhas podem ocorrer em um mesmo indivíduo. Hyptis ditassoides é claramente distinta das demais por possuir folhas com margem revoluta, característica não encontrada em outras espécies do gênero na Serra do Cipó.
Essa espécie possui inflorescência semelhante à de H. linarioides, no que tange às bractéolas involucrais e ao indumento velutino esbranquiçado na face externa da base do cálice; porém as folhas desta são estreitamente elípticas ou oblanceoladas de 2,8-5,8 cm compr. e a flor sem estilopódio, enquanto em H. ditassoides as folhas são ovais de 0,6-1 cm compr. e a flor possui estilopódio. Na Serra do Cipó foi coletada com flores em janeiro e março e de maio a dezembro.
Fonte: SILVA-LUZ, C. L. da.; GOMES, C. G.; PIRANI, J. R. & HARLEY, R. M. Flora da Serra do Cipó, Minas Gerais: Lamiaceae. Bol. Bot. Univ. São Paulo, v. 30, n. 2, p. 109-155, 2012.